Estudo paraibano revela alta resistência de bactéria que pode afetar gestantes e recém-nascidos

Uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em colaboração com a Universidade de São Paulo (USP), identificou níveis preocupantes de resistência antimicrobiana na Streptococcus agalactiae, também conhecida como estreptococo do grupo B (GBS). O micro-organismo, presente em cerca de 10% a 30% das mulheres, pode ser transmitido durante o parto natural e provocar infecções graves em gestantes, bebês e idosos.

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O levantamento, realizado entre 2018 e 2022 no Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa, analisou 101 amostras e revelou que mais de 80% apresentaram resistência a antibióticos, principalmente tetraciclina, eritromicina e clindamicina. Uma das hipóteses levantadas pelos cientistas é de que o uso indiscriminado de antibióticos na pandemia de covid-19 tenha acelerado esse processo.

Segundo o professor Vinícius Perez, do Departamento de Ciências Biomédicas da UFPB, ainda há uma carência significativa de informações sobre o comportamento da bactéria no Brasil, especialmente no Nordeste. “O próprio governo federal reconhece isso, e dados são fundamentais para elaboração de políticas públicas eficazes”, ressalta.

Atualmente, a forma de prevenção no parto é administrar antibióticos a gestantes em que a bactéria foi detectada. Porém, a recomendação oficial limita o exame às grávidas de alto risco, o que, para Perez, pode ser insuficiente: “O problema é que a recomendação governamental é que apenas mulheres em gestação de alto risco façam a investigação desse micro-organismo. E é comum a bactéria estar presente em mulheres com gestações normais”. Ele defende a ampliação da testagem para todas as gestantes.

Enquanto isso, pesquisas avançam também no desenvolvimento de vacinas contra variantes da bactéria. “Os dados obtidos em estudos como o nosso podem então eventualmente servir para ajudar na elaboração dessas vacinas”, afirma o pesquisador.

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