A Prefeitura de João Pessoa passou a adotar regras mais rígidas para o acesso aos recintos de animais do Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica, após a morte do jovem Gerson de Melo Machado, atacado por uma leoa no fim de novembro. A Portaria nº 016/2025, assinada pelo secretário de Meio Ambiente, Welison Araújo Silveira, no dia 3 de dezembro, entrou em vigor nesta quinta-feira (11) com foco no reforço da segurança de servidores, visitantes e dos animais sob tutela do parque.
De acordo com o texto, o acesso ao interior dos recintos será permitido apenas a funcionários autorizados do parque e a pessoas previamente autorizadas pelo secretário de Meio Ambiente ou pela diretoria técnica. A medida considera, segundo a portaria, a “imprescindibilidade de garantir a integridade física dos servidores, visitantes e dos animais sob tutela” do equipamento, além do dever de estabelecer protocolos rígidos para ingresso em áreas de risco controlado.
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Pela nova regra, quem não faz parte da rotina de manejo precisará apresentar requerimento prévio e identificação à direção da Bica antes de qualquer acesso aos recintos. A autorização dependerá da avaliação da equipe técnica e seguirá critérios de necessidade e segurança. O texto também fixa que a entrada nessas áreas só pode ocorrer com vestimenta adequada e uso de todos os equipamentos de proteção necessários para resguardar a integridade do profissional e dos animais.
A portaria determina ainda a proibição do porte de telefone celular, câmeras fotográficas ou dispositivos similares dentro dos recintos, salvo quando houver autorização expressa para fins específicos. A restrição busca evitar distrações e registros inadequados em áreas consideradas de risco, além de reduzir a possibilidade de condutas que contrariem as normas internas de segurança do parque.
Mais câmeras e guardas
O secretário de Meio Ambiente informou que cerca de 30 novas câmeras serão instaladas, integradas a um sistema de inteligência artificial já utilizado em João Pessoa. “São câmeras do programa João Pessoas SmartCity. Eles têm reconhecimento facial, reconhecimento de atividades suspeitas, o que facilita monitoramento de eventuais casos de furto, atitudes suspeitas, atitudes já previamente identificadas como não corretas ou que violem as próprias regras do parque. O que vai colaborar não só com o funcionamento, mas também para evitar novos casos de fatalidade”, disse.
As medidas também incluem aumento da presença de agentes ambientais e guardas municipais nas áreas próximas aos recintos, bem como reforço na sinalização para alertar sobre proibições e orientações de conduta. “Essas [novas] medidas são preventivas, como triagem, aumentar a quantidade de agentes ambientais para passar informações. Muitas vezes parece óbvio você colocar uma placa dizendo que não se aproxime dos recintos ou não alimente os animais, mas mesmo assim as pessoas insistem em descumprir. Então, reforçar essas práticas, essas medidas de segurança, cercamentos, grades de proteção, a fim de inibir. Não é apenas cumprir uma norma, mas cada vez mais inibir esse tipo de situação”, afirmou Silveira.
A Secretaria de Meio Ambiente informou que os agentes responsáveis pelo monitoramento e pelo atendimento ao público passarão por treinamento específico, com foco em protocolos de manejo de risco e resposta a situações de emergência. A intenção é padronizar a atuação em ocorrências críticas e melhorar a orientação aos visitantes durante a circulação pelo parque.
Embora ainda não haja data definida para a reabertura da Bica, a previsão da gestão municipal é de que o retorno do público ocorra nos próximos dias, de forma gradual e com limitação diária de visitantes. “Vai haver uma grande demanda de pessoas no parque, então a gente também vai limitar a quantidade de visitantes, a fim de resguardar o bem-estar animal e o cuidado com os funcionários”, afirmou o secretário.
Investigações em paralelo
As mudanças ocorrem enquanto seguem as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público da Paraíba sobre o caso. A Polícia Civil já havia informado que, com base nas perícias e nas análises iniciais, não identificou falhas estruturais no recinto da leoa e considerou o episódio um fato atípico, entendendo que o espaço cumpre os critérios técnicos exigidos.
O Ministério Público, por sua vez, mantém dois procedimentos abertos, um para acompanhar as medidas adotadas pelo município após a morte de Gerson de Melo Machado e outro voltado a possíveis irregularidades ambientais apontadas pela Sudema em relatórios anteriores sobre o parque.
