Um relatório detalhado do Tribunal de Contas da Paraíba (TCE-PB) revelou um aumento vertiginoso nos gastos municipais com os festejos juninos no estado. Segundo o Relatório São João 2025, divulgado nesta quarta-feira (15), os municípios paraibanos empenharam R$ 130,1 milhões com o São João deste ano, o que representa um aumento de 80% em relação ao valor registrado em 2023.
No total, as despesas municipais com as festas de São João somaram R$ 318,6 milhões no período entre 2023 e 2025. Este montante equivale a 50,5% do total de gastos com todas as festividades municipais, que ultrapassaram R$ 630 milhões nesse triênio. O estudo, elaborado pela Diretoria de Auditoria e Fiscalização (DIAFI), utilizou dados do sistema Sagres atualizados até 31 de julho de 2025.
O relatório apontou que a grande maioria das despesas para o São João 2025 foi realizada por meio de contratações diretas, somando 79,4% do total. Destas, 64,3% ocorreram por inexigibilidade de licitação e 15,1% por dispensa. As modalidades de pregão eletrônico e adesão a atas de registro de preços responderam por apenas 17% das despesas.
A maior fatia dos recursos foi concentrada na função Cultura, que absorveu 80% dos valores empenhados (R$ 104,1 milhões), seguida pelas funções Comércio e Serviços (12,5%) e Desporto e Lazer (3,5%).
Em valores absolutos, Santa Rita lidera a lista dos que mais gastaram, com R$ 11,3 milhões empenhados. Seguem-se Sapé (R$ 7,8 milhões) e Santa Luzia (R$ 7,6 milhões). Campina Grande, a cidade que sedia o tradicional “Maior São João do Mundo”, registrou R$ 2,3 milhões empenhados até a data de corte do relatório.
No comparativo per capita, a cidade de Santa Luzia registrou o maior gasto, com R$ 492,69 por habitante. O relatório usou esse dado para ilustrar a relevância do gasto com festejos, comparando-o com áreas essenciais: em Santa Luzia, o gasto com o São João representou 30,8% do total per capita aplicado em Saúde e 39% em relação à Educação.
O levantamento detalhou os maiores cachês pagos a artistas para as festividades de 2025. O artista Wesley Safadão lidera o ranking, com dois contratos que, juntos, somam R$ 1,1 milhão. A banda Calcinha Preta recebeu entre R$ 490 mil e R$ 500 mil por quatro apresentações, e a Banda Seu Desejo teve cachês entre R$ 383 mil e R$ 400 mil por nove shows.
Entre os principais fornecedores e credores contratados, destacam-se a Guimarães Eventos Ltda. (R$ 3,58 milhões), Denise Moura do Nascimento (R$ 2,7 milhões) e Projjettus Produção, Locação e Serviços Ltda. (R$ 2,49 milhões).
O presidente do TCE-PB, conselheiro Fábio Nogueira, destacou que o relatório reforça o compromisso do Tribunal com a transparência e o controle social. “Os gastos com festas precisam estar em harmonia com as responsabilidades essenciais da gestão pública”, afirmou. Nogueira informou ainda que o relatório está sendo compartilhado com o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Eleitoral e o Ministério Público Federal para as devidas análises em seus âmbitos de competência.
