O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mexeu no tabuleiro político que cerca a PEC da Blindagem, proposta que amplia a proteção parlamentar diante de investigações criminais. Nesta terça-feira (16), ele retirou a relatoria do deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) e entregou a missão a Claudio Cajado (PP-BA), aliado próximo de Arthur Lira (PP-AL).
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A troca ocorre após semanas de impasse. Em agosto, a PEC enfrentou forte resistência da oposição, que travou a pauta e impediu seu avanço. Motta avalia que Cajado, mais alinhado à articulação de Lira, pode construir uma ponte com diferentes blocos partidários e abrir caminho para a votação ainda neste semestre.
Nos bastidores, a insatisfação de Andrada teria pesado na decisão. Ele resistia às pressões por um texto que ampliasse a blindagem dos parlamentares além do desenho inicial. Cajado, por outro lado, chega ao posto com a expectativa de viabilizar um acordo mais amplo, inclusive sobre pontos considerados polêmicos.
O principal deles é a possível volta da regra que vigorou entre 1988 e 2001, quando deputados e senadores só podiam ser processados criminalmente com aval do Congresso. Durante 13 anos, apenas um caso foi autorizado, razão pela qual críticos enxergam a retomada da medida como um enorme retrocesso no combate à impunidade. Já defensores afirmam que o dispositivo protege a independência do Legislativo frente a pressões externas.