O Ministério Público da Paraíba (MPPB) instaurou inquérito policial para apurar uma suposta manipulação de resultado na partida entre Picuiense e Desportiva Guarabira, realizada em 22 de agosto de 2024, válida pelo Campeonato Paraibano da Segunda Divisão. A investigação teve início após alerta da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por meio da Unidade de Integridade do Futebol Brasileiro (UIFB).
De acordo com o relatório encaminhado pela CBF, empresas especializadas em monitoramento de apostas, como Sportradar e StatsPerform, identificaram anomalias nos mercados de apostas durante o jogo, classificando-o com “forte suspeita” de manipulação. As probabilidades de vitória da Desportiva Guarabira despencaram de 3.50 para 1.95 ainda no primeiro tempo, mesmo com o placar em 0 a 0, e diversas operadoras internacionais suspenderam as apostas ao vivo. O duelo terminou 3 a 1 para a Desportiva Guarabira, com todos os gols marcados em um intervalo de apenas 16 minutos do segundo tempo.
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O caso foi inicialmente analisado pelo Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudetor), mas devido à gravidade dos indícios foi encaminhado ao Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). O Gaeco, porém, concluiu que não há, por ora, elementos que caracterizem organização criminosa, devolvendo o processo à Promotoria Criminal com atribuição geral.
A investigação pode enquadrar os suspeitos nos crimes previstos na Lei Geral do Esporte (Lei nº 14.597/2023) — fraude em competição esportiva (art. 165) e corrupção em competição esportiva (art. 166) —, com penas que variam de 2 a 6 anos de reclusão, além de multa.
O promotor Ricardo Alex Almeida Lins, responsável pelo caso, determinou o envio do procedimento ao delegado-geral da Polícia Civil, André Luís Rabelo, que deverá designar o investigador responsável e informar, em até 15 dias, a abertura formal do inquérito. Segundo o promotor, o caso “reveste-se de gravidade ímpar, atentando contra a integridade e a lisura do esporte”, e a apuração deve identificar atletas, dirigentes, apostadores e intermediários envolvidos.
Desportiva Guarabira nega envolvimento
Em nota, a Associação Desportiva Guarabira afirmou que a atual diretoria não possui vínculo com os fatos investigados, já que assumiu o clube apenas no segundo semestre de 2025. O clube reiterou “compromisso absoluto com a ética, a transparência e a integridade do esporte” e declarou apoio às autoridades na apuração do caso, afirmando estar “à disposição para colaborar com todas as investigações”.