O estado da Paraíba se tornou um dos principais destinos turísticos do Brasil. Como consequência disso, vêm os retornos e os impactos em duas importantes esferas para o desenvolvimento do turismo local: o setor econômico e o setor imobiliário.
Para entender melhor sobre os efeitos do crescimento exponencial do turismo para o mercado imobiliário na Paraíba, o WSCOM conversou com Werton Oliveira, consultor imobiliário e economista-chefe do Sinduscon-JP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa) e da Ekonomy Consultoria.
O turismo como porta de entrada
Entre as atuais tendências na economia paraibana, Werton destacou a relação positiva entre o turismo e o mercado imobiliário. Para o economista, os dois campos estão criando uma infraestrutura propícia para a atração de novos moradores para o estado, principalmente para a capital João Pessoa.
“O turismo é a principal porta de entrada para o estado, mas quem vem, quer comprar e quer morar aqui, fazendo com o que o imobiliário também saia ganhando. Desde 2019 a Paraíba vem passando por essa transformação, de forma que é possível observar o nivelamento histórico de João Pessoa com outras capitais que já registraram crescimento, como Natal, Recife e Maceió. João Pessoa, que estava para trás, agora está começando a alcançar os patamares destas outras capitais do Nordeste, mas ainda no início de um ciclo de crescimento”, declarou Werton.
O mercado de ‘flats’
Dentro do campo econômico do setor imobiliário está o mercado de flats. Nos últimos anos, o mercado de locação de flats tem se aquecido de forma notável.
No final do ano de 2018, Werton Oliveira escreveu um artigo para a revista do Sinduscon-JP onde previa que 2019 viria a ser “o ano e a vez dos flats”. O ano de 2019, segundo Werton, marcou o início da atração de turistas para João Pessoa, e devido a quantidade limitada de leitos de hospedagem na capital paraibana, foram os flats que supriram a demanda de chegada de turistas.
Werton afirmou que “Se a gente não tivesse essa quantidade de flats que temos hoje na cidade, talvez a gente não conseguisse atrair tantos turistas para cá, pois não tínhamos leitos suficientes nos hotéis. Eu acho que os flats foram fator determinante para essa transição de João Pessoa, que passou de uma cidade pouco procurada para uma cidade com alta demanda de turistas”.
Para o tópico, Werton Oliveira deixou uma reflexão: “Há de se pensar o crescimento prolongado deste tipo de moradia, que a longo prazo pode impactar nos preços das diárias e ocasionar a desvalorização do imóvel devido ao excesso do produto, que reflete o conceito econômico do equilíbrio entre oferta e demanda, mas eu não enxergo isso a curto prazo, uma vez que estamos recebendo muitos moradores em João Pessoa, além de outros que estão comprando flats para servir como segunda moradia ou moradia de veraneio”.
Turismo e mercado imobiliário fora da capital
Apesar do principal foco ser a capital João Pessoa, o desenvolvimento turístico e imobiliário não se concentra apenas no litoral. Outras regiões como o brejo e o sertão também têm recebido moradores e se desenvolvido nos dois domínios.
“No brejo paraibano eu percebo que as cidades de Areia, Bananeiras e Solânea têm sido pólos atrativos e muito procurados para a construção de condomínios horizontais. Já nas cidades de Cajazeiras, Sousa e Patos, no sertão do estado, outros empreendimentos imobiliários têm sido construídos. Cada região do nosso estado está tendo uma característica diferente do tipo de empreendimento que estão sendo lançados. Eu percebo que, com esse crescimento, nós podemos pontuar diversas cidades-pólo no nosso estado”, completou.