Durante uma sessão especial realizada no último dia 8 de outubro, na Câmara Municipal de João Pessoa, o secretário de Turismo da capital, Vitor Hugo, fez declarações que geraram polêmica ao tratar da situação da população em situação de rua. Segundo ele, a assistência prestada diariamente por pessoas e instituições acaba contribuindo para que essa parcela da população permaneça nas ruas.
“Quem mora no quarteirão de trás da praia não vê aquilo [moradores de rua] todo dia. Então não incomoda ele, mas agrada a ele ir lá e entregar o almoço, o jantar todos os dias. ‘Estou fazendo minha parte como cidadão’ e isso não é correto. Temos que ter esse olhar e entender que alimentar essas pessoas diariamente não é correto. Mas quem tem coragem para dizer isso perante a sociedade?”, afirmou o secretário durante o debate.
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Vitor Hugo argumentou que o sistema de apoio social — composto por ações voluntárias, religiosas e institucionais — cria um ciclo que desestimula a saída das ruas. “Essas pessoas estão ali porque recebem todos os dias café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde e jantar. Fora isso, ainda chega para eles roupas, agasalhos, colchão, travesseiro e material de higiene para tomar banho em qualquer lugar que ofereça um banheiro”, completou.
O secretário também questionou a atuação do Ministério Público da Paraíba (MPPB) no enfrentamento do problema, afirmando que o órgão só se manifesta quando a gestão tenta adotar medidas mais rigorosas.
“A participação importante que devia estar neste momento é também a do Ministério Público. Porque nós gestores quando vamos atuar com o rigor da lei e da força… lá vem o Ministério Público em cima da gente: ‘Chama os direitos humanos, você não pode fazer isso’. Aí vêm as entidades religiosas e fica todo mundo contra político”, disse.
A sessão especial foi convocada por vereadores para discutir os desafios e possíveis soluções para a situação das pessoas em vulnerabilidade nas ruas de João Pessoa, tema que tem ganhado destaque diante do aumento visível dessa população em áreas centrais e turísticas da cidade.
As declarações do secretário repercutiram nas redes sociais e provocaram reações de entidades ligadas aos direitos humanos, organizações religiosas e movimentos sociais, que defendem a continuidade das ações solidárias e cobram do poder público políticas estruturantes de acolhimento, moradia e reinserção social. A Prefeitura de João Pessoa ainda não se pronunciou oficialmente sobre as falas do secretário.