Intolerância

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Com um certo atraso, pelo idade avançada, fui diagnosticado com intolerância à lactose, que vem a ser o açúcar do leite.

Felizmente, essa limitação alimentar acontece num momento em que houve uma grande evolução industrial nesse sentido, o que significa dizer que não tive maiores dificuldades em encontrar nas gôndolas dos supermercados manteiga, queijo, doce e até mesmo leite sem lactose.

O problema maior, no entanto vem a ser a intolerância em si que só faz crescer com o passar do tempo.
As mais comuns na história são a intolerância religiosa e social, que já foram abordadas num filme clássico de D.W Griffith, mas a falta de tolerância de um modo geral não pára de crescer, incorporando a sexualidade e seus diferentes gêneros e, em particular no caso do Brasil, a escolha politica de cada um.

Nesse contexto, o meu leite é o derramado, igual ao livro de Chico Buarque, não tem volta e, no sentido figurativo, não tem perdão.

É a mesma intolerância do torcedor e das torcidas dos times de futebol que já estão passando dos limites. De minha parte, posso assegurar que já não seguro as emoções, e está cada vez mais difícil conviver com quem luta contra os direitos e as liberdades individuais.

E até mesmo quem pensa diferente de mim, o que deixa de ser uma intolerância e passa a ser uma intransigência.
Principalmente, porque tudo é relativo, até mesmo a verdade. Mas, por outro lado, a verdade cedo ou tarde sempre prevalece. Por isso, pessoas de pouca leitura são incapazes de fazer juízo de valor.

São também intolerantes, mas isso instintivamente, porque são massa de manobra e acreditam em tudo que lhes dizem, porque não têm vontade própria nem disposição para pensar. O chamado senso crítico com a vida, que se esvai no leite derramado que levou com ele a minha tolerância e me fez ser uma pessoa mais seletiva e antissocial.

E principalmente intolerante, como já fui inconsequente, inconsistente e até mesmo irracional. Isso porque há uma vida para cada fase e a coragem para suportar o que ela oferece de fato. Afinal, qual o valor de uma lactose no meio de tantas viroses, câncer em suas diferentes variações, e todas as dores e dissabores desse mundo,

E ainda há quem não acredite em vacinas e outros que sequer acreditam em Deus. São anjos e demônios que convivem ora no céu, ora no inferno de Dante e mesmo assim são felizes. Apesar da idade que não tolera desaforo e da morte cada vez mais impaciente. Contando as horas e os minutos para chegar.

Alberto Arcela

Alberto Arcela

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