Era um domingo, vinte e nove de setembro, a AABE – Associação Atlética Bando do Estado, estava em festa. Realizava-se um churrasco, regado a vinho gaucho, organizado pelos patoenses e funcionários do Paraiban, para homenagear o governador Ernani Sátiro, em agradecimento pela nomeação de Orlando Xavier para a Diretoria de Crédito Geral do banco.

Os servidores do Banco do Estado estavam comemorando a indicação de um colega para assumir aquele importante cargo da nossa instituição financeira. Um prêmio à competência que Orlando sempre demonstrou ao longo de sua carreira bancária, tendo assumido as gerências de Campina Grande e Recife, além de ter sido o seu Contador Geral. Tratava-se de um companheiro que conquistava a todos pela forma cordial com que se relacionava no ambiente de trabalho, angariando simpatia, admiração, respeito e apreço. O aproveitamento de um funcionário da casa para ocupar uma das diretorias do banco foi uma demonstração de consideração e valorização do seu corpo funcional, por parte do governador.

Os patoenses, presentes em grande número ao evento, manifestaram-se também agradecidos pela oportunidade de ter um seu conterrâneo à frente de uma das mais importantes diretorias daquele estabelecimento de crédito.

Portanto, todos tinham motivos sobrados de festejarem a sua nomeação. E não poderia ser em local mais adequado. Afinal de contas Orlando Xavier foi um dos fundadores da Associação, tendo sido, inclusive, o seu primeiro presidente. A organização da festa ficou por conta de Geraldo Henriques, presidente do clube, Antônio Simões, Dilton Rodrigues e Olivan Xavier. O secretário Francisco Soares, foi o responsável pelo discurso de agradecimento ao governador, em nome de todos, patoenses e funcionários do banco.

Aquele momento trouxe para mim uma motivação a mais de comemoração. Orlando Xavier ao receber a confirmação de sua nomeação para a diretoria do Paraiban, me procurou e formulou convite para assumir a Gerência de Crédito Geral, o segundo cargo na linha de hierarquia da carteira comercial do banco. Essa convocação causou surpresa para muita gente, em razão da minha pouca idade, pois a mim estaria sendo dada a incumbência de chefiar todos os gerentes de agências. Não era somente a questão da idade, naquela época eu usava cabelos grandes e costeletas compridas, o que não condizia bem com o perfil que se esperava de alguém que desempenhasse um cargo de tamanha importância e responsabilidade na estrutura administrativa de qualquer estabelecimento bancário.

Naturalmente, o presidente Luiz Carlos Florentino resistiu atender a minha indicação, imagino que pelas razões acima expostas. Orlando não se deu por vencido e insistiu até convencê-lo de que eu passaria por estágio probatório até que me mostrasse capacitado para o exercício da função. E foi o que aconteceu. Felizmente me saí a contento e poucos meses depois era efetivado no cargo.

Aquele dia de setembro, na homenagem ao governador Ernani Sátiro, ficou registrado na minha história pessoal, como um acontecimento que definiu uma trajetória profissional positiva como bancário, oferecendo-me condições de aprendizado valioso para a construção de um currículo que me fez desempenhar várias missões ao longo de minha caminhada pela vida. Posso dizer que o impulso primeiro para que eu pudesse alargar meus horizontes nas atividades de trabalho, devo a essa corajosa convocação de Orlando Xavier.

• Integra a série de textos “IVENTÁRIO DO TEMPO II”.