O Brasil assistiu ontem, no Jornal Nacional da TV Globo, uma entrevista que vai ficar registrada na história republicana de nosso país, como uma verdadeira aula de política. O ex-presidente Lula, ao participar da série de sabatinas que aquela emissora de televisão vem realizando com os principais candidatos ao cargo de primeiro mandatário da Nação, mostrou porque é uma liderança respeitada no mundo inteiro.

Sem altear a voz, nem perder o equilíbrio emocional, enfrentou a bateria de perguntas, revelando, mais uma vez, a sua extraordinária capacidade de debater temas de importância para a vida nacional contemporânea, sempre de forma envolvente, argumentativa, segura, propositiva, e até, em alguns momentos, espirituosa.

Não se intimidou pelo fato de estar num ambiente que lhe foi hostil durante a insidiosa campanha de que foi vítima desde 2016, quando, por um estratégico conluio político-jurídico-midiático, foi impedido de concorrer à presidência da república na última eleição e recolhido a uma cela de presídio. Pelo contrário, encarou com coragem, altivez e tranquilidade, os seus algozes, sem, em nenhum momento, dirigir-se a eles de maneira desrespeitosa ou agressiva.

Comportou-se como um verdadeiro líder que quer voltar a dirigir o país, sem manifestações de rancor, mágoas ou ressentimentos, mas colocando, objetivamente, como se propõe a nos governar outra vez. Agigantou-se naquela cadeira de entrevistado. Falou com a autoridade de quem tem plena consciência das responsabilidades que cairão sobre seus ombros na oportunidade em que estiver novamente sentado na cadeira de presidente da república. Ninguém tinha dúvidas de sua performance na entrevista. Mas ele se superou. Parecia energizado por uma disposição acima do normal, para fazer valer o seu desejo de colocar para todos os seus compatriotas de que continuava sendo o político que se volta para os mais necessitados e preparado para o exercício da missão pleiteada, não obstante todos os obstáculos que insistem ainda em colocá-los no seu caminho.

Dominou a cena. Fez-se brilhante. Acendeu a chama da esperança entre nós que desejamos ver a democracia sendo recuperada em sua plenitude. Trouxe à memória de todos a realidade econômica que vivemos ao tempo em que nos governou por dois mandatos. É um destemido. Um guerreiro que não teme ir à luta. Entra na batalha com o espírito de vencedor. Num momento em que alguns fazem o discurso do ódio, ele vem com a palavra de conciliação nacional. Propõe a união de todos. Rejeita o ambiente de beligerância que teimam em colocar a sociedade brasileira. A noite de ontem nos animou. Há luz no fim do túnel.