Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Um novo Botafogo


28/08/2015

Foto: autor desconhecido.

 

A inauguração do estádio Almeidão fez com que se levantasse uma expectativa de melhoria das equipes de futebol da Capital, com participação em certames regionais e nacionais, uma vez que já dispúnhamos de uma praça de esportes com capacidade para receber grande público.

Coincidentemente nessa época, em meados dos anos setenta, o empresário paulista José Flávio Pinheiro Lima instalava em João Pessoa uma grande indústria de adesivos. Aqui chegando demonstrou interesse em participar da diretoria do Botafogo, nosso time de maior torcida na Paraíba. Era um apaixonado por futebol, sendo, inclusive, conselheiro do São Paulo, clube do qual era torcedor fanático.

Era tudo o que o Botafogo precisava. Alguém com experiência na administração de um time de futebol, disposto a investir na formação de uma equipe competitiva e muito bem relacionado com a imprensa nacional dedicada ao noticiário esportivo. O Conselho Deliberativo do “Belo” percebeu a excelente oportunidade que se apresentava e o elegeu Presidente do clube.

Ao lado de José Flávio, compondo a nova diretoria, estavam: Sérgio Penazzi como vice-presidente, o radialista Laerson de Almeida na diretoria de futebol, Luis Duarte (Luisão) como diretor de patrimônio e Fernando Milanez Filho na diretoria de relações públicas. A posse dos novos dirigentes do Botafogo aconteceu numa tarde de domingo em pleno estádio, antecedendo a partida amistosa em que o “Belo” enfrentou o Santa Cruz de Recife, cujo placar ficou no zero a zero. Prestigiaram o ato, o governador Ivan Bichara, diretores do São Paulo Futebol Clube, cronistas esportivos paulistas, especialmente convidados, e um grande público que lotou as arquibancadas.

Foi um dia inteiro de festa. Iniciado com a celebração de uma missa em ação de graças na Catedral, por iniciativa da TOB – Torcida Organizada do Botafogo, que inclusive presenteou o novo presidente com uma caneta banhada a ouro para assinatura do termo de posse. Após a missa os torcedores saíram em ruidosa e animada passeata até o estádio Almeidão, ao som da Orquestra do Maestro Vilôr.

Iniciava-se, portanto, na primeira semana de fevereiro de 1976, a “era José Flávio” no Botafogo. Contratou vários jogadores do cenário futebolístico nordestino, entre os quais Salvino (goleiro), Fantick (que viria a jogar no Santos de Pelé depois), Evandro, Benício, Baltazar. Usando de seu prestígio junto à diretoria do São Paulo trouxe de lá, por empréstimo, quase que um time inteiro: Zé Carlos, Piau, Péres e Mauro, e alguns atletas que estavam despontando na categoria de base da equipe, como Vinicius, Zé Luis, Lucas, Roberto Viana e Muller.

Na condição de tricolor paulista, acatou com muita satisfação a idéia do radialista Ivan Tomás em dar cor vermelha à estrela do seu escudo, diferenciando-o do seu homônimo carioca.

Esse time realmente marcou um novo tempo na história do futebol paraibano, dirigido por Pedrinho Rodrigues. Foi um ano de glória para o “Belo”, ensejando a que passasse a ser conhecido e respeitado em todo o Brasil. Pode se dizer, sem medo de errar, que a história do Botafogo paraibano se divide em dois períodos distintos: antes e depois de José Flávio.
Quando voltou para a capital paulista, deixou seu filho como herdeiro dessa paixão pelo Botafogo, chegando inclusive também a presidir o clube.

Estive presente na festa da posse e ,a partir de então, acompanhava o time onde ele fosse jogar, no interior ou fora do Estado. Boas recordações.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.

 


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