Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

Um alento, mesmo que tardio


03/04/2007

Foto: autor desconhecido.

O Tribunal de Justiça ratificou nesta terça-feira o entendimento de que, em sendo o Estado responsável pela morte do empresário Paulo Brandão, cabe a ele (o Estado) indenizar a família com R$ 400 mil, mais uma pensão de R$ 8.064,40 à viúva, sra Maria Tereza Brandão.

Não sei ao certo como, a partir da viúva, os familiares vão reagir diante de uma decisão desse porte, menos pelo valor monetário, mas pelo juízo oficial confesso mais uma vez de que, de fato, foi o aparelho estatal o responsável pela barbárie lá nos idos anos de 1984.

Sobre a morte em si de Paulo Brandão, tão explorada por merecer enquanto exercício da justiça e de luta memorável da Imprensa, creio ser desnecessário remontar ao seu histórico e resultado, tanto que é a Justiça quem se pronuncia novamente em torno do caso.

Dinheiro doloroso (esse), deve ser, mas é a mínima parte restante de um hiato irreparável, de uma conduta inqualificável de quem deveria garantir segurança (o Estado), mas não resta outra saída senão conviver com esse saldo de manutenção qualquer da matéria sem ainda entender o extremo da maldade que nunca vai reparar a ausência do pai e empreendedor.

O fato de agora, mesmo em meio ao sentimento de dor, gera algum conforto mínimo, ao mesmo tempo uma advertência sobre igual ou pior realidade também vivida por centenas, acho que milhares de brasileiros – senhoras e senhores, sem a mesma condição de ver o Estado também condenado pela prática abusiva do aparelho policial, sobretudo, contra pobres e negros.

A sentença do TJ legitima uma realidade de reparação merecida na proporção inversa inexistente para outras marias, que até hoje nunca tiveram nem meios nem a coragem do Sistema Correio de resistir até o último momento para provar que o Estado protetor na Paraíba volta e meia é o perverso executor de vidas.

Nos últimos tempos – e não é de agora -, os espaços jornalísticos dos portais e jornais têm estado tomados de noticias bárbaras, muitas delas – se fossem no fundo da investigação – com a participação de membros da Policia produzindo horrores para famílias que, sem força nem prestigio, acumulam a realidade de muitas mães sem seus maridos e filhos, triturados pelo Estado.

Não sei até onde chegaremos, mas o ato do TJ faz justiça à família de Paulo Brandão, ao mesmo tempo que nos adverte e faz indagar: quando outras decentes mulheres, as de origem pobre, terão também o mesmo resultado?

Por enquanto, fica o conforto em torno da batalha judicial da sra Maria Tereza, embora não seja muito dizer: precisamos de mais reparações.


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