Economia & Negócios
Pesquisadores apontam bagaço de cana-de-açúcar como despoluente
23/03/2021
Um produto que em tempos passados eram usados para alimentar as fornalhas dos engenhos ou utilizado para outros fins, o bagaço da cana-de-açúcar é capaz de descontaminar água com cobre ou crômio. A constatação é de um grupo de pesquisadores composto de estudantes e professores da Universidade Federal de São Carlos e da Universidade Federal de São Paulo, publicada no periódico Environmental Science and Pollution Research.
Eles identificaram que o bagaço, modificado através de procedimentos de laboratório, tem um grande potencial de remover o cobre e o crômio da água. Isso é maravilhoso, já que boa parte das águas poluídas são contaminadas por esses dois metais.
O cobre é bastante usado na indústria e na construção civil por ser um condutor de eletricidade e, por isso, costuma estar associado à água. Quando identificado com alto teor, ele provoca náusea, vômito e diarreia em quem consome o líquido.
Já o crômio é aplicado em processos industriais, como o curtimento de couro e tingimento têxtil. Sua presença na água pode ser tóxica e até causar câncer.
O grupo de pesquisadores brasileiros desenvolveu um compósito de bagaço, proveniente do processamento da cana pelas usinas de etanol e de açúcar, com nanopartículas de magnetita sintéticas, mas que são encontradas na natureza.
Quando a combinação é aplicada na água, ela puxa o cobre e o crômio para a superfície e, usando um ímã, os pesquisadores retiram os metais poluentes, deixando a água limpa.
“O material também pode ser aplicado na remoção de moléculas orgânicas, como corantes sintéticos, drogas, hormônios e pesticidas, o que reforça seu potencial para tratamento de água e efluentes”, escreveu o grupo no artigo científico.
As pesquisas desse tipo vêm crescendo, principalmente devido à escassez de água limpa e potável no país e no mundo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) recursos de água doce disponíveis por pessoa no planeta diminuíram mais de 20% nas últimas duas décadas e cerca de 2,2 bilhões de pessoas têm dificuldade de acesso à água potável. Fonte: Agência Fapesp
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