Paraíba
Pai e mãe
09/04/2023
No dia que o grande pai ressuscitou, outro pai admirável foi ao seu encontro.
E foi assim, sem avisar, levando na bagagem seus poemas e muito amor para dar.
Pai e mãe – sem nunca reclamar de sua sina – encontrou forças para criar os quatro filhos e plantar sementes para colher as flores do seu jardim, que são seus netos.
Partiu cedo e deixou muitos órfãos de seu talento, que em vida soube repartir com um sem número de escritores que como ele, sempre acreditaram num mundo melhor.
Era admirável em todos os sentidos e, na literatura da vida só colecionou amigos.
Meu parceiro e incentivador em vários momentos, tinha a alma pura e um coração sem tamanho.
Maior de todos os acadêmicos, nunca quis ser um imortal, muito embora vá continuar vivendo eternamente entre nós.
Num passado recente fez a ponte – entre muitas outras pontes que levava no nome – para meu ingresso na prefeitura de João Pessoa, além de construiu o alicerce do filme de Gonzaga Rodrigues que continuaremos a rodar em sua homenagem.
De poucas lágrimas, amanheci o dia vertendo várias delas, porque nunca é fácil perder um amigo que também era irmão. E isso desde os tempos da Oficina, onde dividia seu talento com Milton Nóbrega e Martinho Moreira Franco que com certeza o recepcionaram no céu.
Com ele, se vão meus planos e pobres enganos, e muitos outros livros a publicar.
De um certo modo, era um homem abençoado em todos os sentidos e, talvez por isso, tenha partido numa semana santa. Merecia viver muito mais,mas o criador não pensou assim. Vai ver, estava precisando dele para cuidar da editora do céu. Nunca se sabe.
Estávamos com viagem marcada para Catolé do Rocha, cidade onde colecionamos amigos e temos laços de família, mas fica para uma próxima vida e encarnação.
Prefiro lembrar nesse momento do seu apreço e solidariedade, e das palavras de conforto que guardava para ocasiões especiais.
E lamentar que tenha partido no seu melhor momento na realização da sua arte, e na promoção da cultura.
Estivemos juntos pela última vez no dia da gravação de o Velho e o Rio no prédio da Academia. De lá, fomos deixar Ângela Bezerra e depois ele me deixou em casa. Estávamos eufóricos com os resultados do filme e ele parecia feliz.
Estava sorrindo até.
É assim que vou lembrar de Juca Pontes.
E que Deus proteja a sua família, a quem ele dedicou tanto amor.
O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.