Geral
O significado da rearrumação
20/02/2008
SÃO PAULO – Não é fácil produzir engenharia política, mas ela existe, sobretudo quando as necessidades imperam mais do que o conformismo. Teses à parte foi isto o que aconteceu com o esquema do governador Cássio Cunha Lima ao anunciar um verdadeiro engenho político para satisfazer a uma série de interesses em jogo, inclusive até no que pode afetar sua sobrevivência política.
A ascensão do suplente de senador Carlos Dunga na titularidade do Senado em face da licença confirmada pelo senador Cícero Lucena motiva muito mais do que uma substituição normal para que o também presidente do PSDB estadual cuide da saúde.
Na prática, e de imediato, a operação gera o que Cássio até tentou na CPMF e não conseguiu, que é ter um voto a favor de Lula no Senado, algo que se efetivará a partir da próxima semana porque Dunga é do PTB, partido da famosa base aliada de Lula.
Era tudo o que governador, presidente e o suplente queriam para melhorar as relações com o Planalto, tanto que o Ministro das Relações Políticas, José Múcio, já ligou para Dunga. Aliás, justiça seja feita, o tratamento de Lula com Cássio sempre foi amistoso mas de pouca operação de apoio na ponta porque a vigilância do senador Maranhão na permitia.
Ora, mesmo sendo por 4 meses e 1 dia, é tempo importante na atual conjuntura porque também resolve uma questão particular de Cícero, ainda abalado com a morte de sua mãe, mas que sai da cena numa hora em que o PSDB queria tê-lo no front contra Lula, algo ainda não recomendável como melhor estratégia porque estaria também super – exposto até para relembranças de problemas do passado.
Com Dunga no Senado, não, tudo é mais fácil de convivência e dialogo com Lula, de quem o governador precisa, para reivindicações mais fortes para o Estado, inclusive a planta da GM prometida pelo líder maior do PT.
Além do mais, a operação vai tirar por 121 dias a soberania no discurso do senador José Maranhão de que era o único a defender Lula no Senado.
Noutra ponta, a ascensão de Rômulo Gouveia na Chefia da Casa Civil significa ainda proximidade com o eleitorado paraibano, especialmente Campina Grande por sua condição de alternativa do grupo para a disputa com o prefeito Veneziano Vital.
Rômulo não assume publicamente ainda a condição de candidato porque ainda não foi lançado, entretanto, não há mais duvidas de que entre os concorrentes Arthur Cunha Lima, Romero Rodrigues, Daniela Ribeiro, etc – ele dispõe de mais fôlego eleitoral por isso estar na Casa Civil significar preparativos para entrar em campo como candidato a prefeito de Campina, sim.
Afora todas essas artimanhas ainda há o ganho do suplente Tarcisio Marcelo, irmão do vice-presidente da Assembléia legislativa, Ricardo Marcelo, que assume a titularidade na Câmara Federal deixando agradados gregos e troianos.
Eis a grande novidade dos bastidores.
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