Alberto Arcela

Publicitário e jornalista

Paraíba

O incrível país que encolheu


02/07/2023

Essa semana o Brasil ficou menor, mas eu confesso que que não fiquei surpreso com os novos números da população brasileira, ao final do mais recente censo realizado no país.

Em algumas elucubrações apocalípticas, cheguei a temer que ficássemos abaixo dos duzentos milhões de habitantes, acompanhando a tendência de queda de quase todas as nações da Europa.

Para mim, parecia lógico que havia uma mudança de comportamento em curso, e mais ainda a questão das prioridades, muitas delas necessárias para a própria sobrevivência material e emocional das pessoas.

E havia também a questão da contaminação, num sentido mais amplo, que a pandemia promoveu além de seus resultados diretos na economia do país e do mundo, com a falta de emprego e oportunidades.

O certo é que ficou mais difícil criar filhos como se fazia antigamente, sem várias coisas, inclusive planos de saúde.

A mulher, por sua vez, se resignava a uma relação muitas vezes tóxica, a maioria não trabalhava fora dos limites do lar e a vida seguia seu curso, sem uma maternidade planejada.

Na minha casa foram quatro filhos, assim como na casa de minha irmã e em dezenas de outras casas de todas as classes sociais.

De alguma forma era a tradução perfeita do conceito de família importado de tantas outras civilizações, mas tudo isso antes da democratização das comunicações em geral, com as novas tecnologias, e das consequências disso.

Já aí, a mulher, vítima de séculos de cultura patriarcal, notadamente a religiosa, lutava noite e dia para desafiar dogmas e conquistar seu espaço de fato e de direito.

Li hoje num portal, por sinal, a declaração – que também poderia ser uma conclamação – de uma profissional de sucesso, convocando as mulheres a ocuparem mais e melhores lugares de destaque no novo mundo.

Um mundo mais igual, mais justo e onde a questão do número de filhos será bem relativa e racional. Porque já existem filhos gerados de diferentes maneiras e por várias razões. E também diferentes combinações de famílias, que são lares como os demais.

E também muitas outras pessoas que não se sentem vocacionadas para o exercício da maternidade, e deram uma contribuição decisiva para o Brasil não crescer mais.

Várias de minhas amigas são assim. Casadas, divorciadas e enamoradas, mas sem filhos. Uma delas tem até três filhos, só que pets. Desses que não reclamam de nada, mas que latem que é uma beleza.

Como pode se ver, são muitas as explicações e teorias para o incrível país que encolheu.

Mas, que para mim continua sendo o melhor lugar do mundo. Aqui e agora.


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