Economia
ECONOMIA BRASILEIRA 2020
27/01/2020
O Brasil entrou em 2020 com condições favoráveis a um expressivo crescimento econômico. Há bons argumentos: baixas taxas anuais de inflação e juros básicos, de 4,5%; abundância de mão de obra desocupada e alta capacidade produtiva ociosa. Os perigos da dívida e do déficit públicos foram atenuados, com as políticas fiscais e da previdência social.
Este é o quarto ano seguido que o país começa com perspectivas econômicas alvissareiras. Vem sendo assim, depois do malogro dos anos 2015-16, quando o seu PIB decresceu 7%. Esse otimismo sempre fez sentido, para uma economia pós-recessão que vem operando com um alto nível de ociosidade.
No último triênio, as previsões de crescimento anual do PIB brasileiro foram de 2,5%. Os resultados decepcionaram: 2017, 1,3%; 2018, 1,3% e 2019, 1,1%. Para 2020, mais uma vez, a expectativa de expansão da economia do país é em torno de 2,5%. Assim preveem os respeitáveis FMI, Banco Mundial, CNI, Focus/BC. É bom que acertem!
A economia brasileira não vem aproveitando a fase fácil da recuperação. Isso significa principalmente usar capacidade de produção preexistente. No seu atual estágio de reversão cíclica, o seu PIB pode crescer até 3,5% ao ano, no biênio 2020/21, a depender, também, de investimentos produtivos. Mas como transformar essa possibilidade em realidade?
Essa redinamização econômica não será automática. O governo tem um papel essencial, na criação de demanda nos mercados para absorver a capacidade ociosa. Para compensar a sua contenção de despesas, vem adotando coerentes políticas de juros, crédito e liberação de recursos do FGTS. Urge a indispensável estabilidade política nacional.
Enquanto os investimentos privados não vêm, o governo mantém a recuperação econômica induzida por estímulos ao consumo privado. O aumento dos gastos e investimentos públicos está fora de cogitação. Segue, assim, o padrão que vem desde 2017. As evidências demonstram o quanto é lenta a recuperação econômica por essa via estreita.
Essas necessárias forças propulsoras são insuficientes. O seu auge pode ter sido em 2019, com importantes resultados na ativação do consumo. Tudo faz crer que, em 2020, qualquer crescimento do PIB acima de 2% tende a elevar os patamares de inflação e dos juros, com efeitos adversos à demanda agregada. Como garantir a expansão econômica?
O governo crer que o país vai entrar numa fase de prosperidade sustentável com base nos investimentos privados. Mas é imperioso que isso venha logo, com os tão louvados resultado das reformas em vigor (trabalhista, da previdência, lei do teto de gastos públicos, etc.). Até porque as ações governamentais de fomento direto à economia saíram de cena.
Há muita fé numa forte entrada de capitais externos em novos empreendimentos produtivos. Isso faz sentido, para empresas que venham para cá não apenas atraídas pelo mercado interno. Os empresários que já atuam no país ainda não se motivaram a retomar os investimentos. É como se estivessem aguardando um maior protagonismo do governo na eliminação da atual capacidade produtiva ociosa da economia.
Enfim, há dois cenários para economia brasileira, no final de 2020. Se houver os decantados investimentos privados, crescerá mais de 2,5%. Sem isso, continuará na mesmice, com resultados em torno dos seguintes: incremento do PIB = 1,6%, inflação = 5%, taxa básica de juros = 5,5% e desemprego de 11%.
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