Alberto Arcela

Publicitário e jornalista

Sociedade

E Deus criou a mulher


15/06/2024

Tristes tempos para a mulher, que além de enfrentar a criação de leis que atentam contra a sua liberdade e dignidade, ainda tem que conviver com a força opressora da religião sem alma e sem Deus. Já vimos esse filme em outras épocas, e sabemos que foi produzido por estupradores contumazes que legaram para a posteridade uma sucessão de equívocos que continuam a persistir e a se multiplicar.

E o mais grave de tudo isso, é que nas fileiras desse exército sem salvação pontificam mulheres que não apenas comungam desses absurdos, mas que também pregam esse evangelho apócrifo que atenta contra seu próprio gênero. Nesse sentido, não precisam de burkas para se revelar e atentam contra os direitos humanos, pregando palavras vãs e disseminando mentiras que não levam a lugar algum.

Ao vê-las, com suas bíblias pagãs, chego a desconfiar de sua feminilidade, e acho que muitas delas são mais machistas que seus parceiros a quem só interessa o jugo e a total submissão. No mesmo contexto, trata-se também de uma guerra de sexos entre si. Uma religião de infiéis, adorando santas de pau oco e louvando um Deus de mentiras que só existe na infértil imaginação delas. É a chamada lei dos contraditórios que mistura num só caldeirão Leila Diniz e Regina Duarte, Damares e Simone de Beauvoir, Anitta e Madre Tereza de Calcutá.

Mais que nomes, elas traduzem a priori as suas crenças e ideologias e lutam por elas. O que importa aqui, é até que ponto essa fé contribui para melhorar a vida das outras mulheres, em sua grande maioria desconhecidas e anônimas. A grande questão é contextualizar esse conhecimento de causa, e a partir daí influenciar ou até mesmo ser determinante na elaboração das leis criadas para elas, como a questão do aborto.

Não se trata, portanto, de uma reivindicação de alcance coletivo como as diretas, mas uma questão literalmente de vida e morte, e nesse caso a banda toca diferente. A música é outra. Ali toca-se de tudo e para todos. Não se trata de ser apenas a Garota de Ipanema. Ali também está a vendedora de coco, a gari, a menina, a mãe e a avó. E ainda tem a Rita, Luísa e a Iolanda. Cada uma com a sua vida, autodidatas da dor e da superação. Cada pecadora com a sua cruz.

Basta, portanto, de querer ditar o destino da mulher. Logo ela, que sabe de tudo e um pouco mais e tem muito o que ensinar o tempo todo, a vida inteira. Por isso, fiquei feliz de ver que elas estão ocupando as ruas em todo o Brasil lutando outra vez pelos seus direitos.

E torço para que elas consigam sair vitoriosas dessa luta inglória, onde não se pode sequer reclamar ao bispo. E muito menos ao Papa que anda reclamando das bichas do Vaticano. Mas, não tenho como não acreditar numa gente que tira leite de pedra e usa suas lágrimas para sobreviver numa terra sem água. E que aprendeu com o criador a dividir os peixes e pães para alimentar os seus filhos. Assim é a mulher. A imagem e semelhança de Deus.


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