Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Duas eleições em uma semana


15/08/2015

Foto: autor desconhecido.

Sempre se disse que eleição é a festa da democracia, o instrumento em que se manifesta a soberania popular. Pois bem, na primeira quinzena de novembro de 1974, João Pessoa viveu esse clima de festa com a realização de duas eleições que despertaram o interesse da cidade. Como em qualquer campanha eleitoral, formavam-se os blocos de simpatizantes de cada lado e surgiam as discussões, os debates, as apostas, os encontros de comemorações e de exposição dos planos de atuação nos cargos pleiteados. Os pleitos eleitorais promovem alegrias e tristezas, consagrações e frustrações, as emoções ficam à flor da pele.

No domingo dia oito realizou-se a eleição do Clube Cabo Branco. Duas chapas disputavam os cargos da diretoria executiva e de membros do conselho deliberativo daquele sodalício. A da situação liderada por Damásio Franca, na presidência, tendo como companheiro de chapa Aguimar Dias Pinto, que ocupava a diretoria social. Na oposição, o candidato a presidente era José do Patrocínio e o vice o médico Evandro Vieira César. O dia foi de festa, com a sede do clube recebendo uma animada movimentação até o fim das apurações. Por volta de meia noite, o juiz Wilson Cunha, que presidia os trabalhos da Comissão Eleitoral, proclamou o resultado: Damásio Franca 910 votos, José do Patrocínio 827; Aguimar 690 sufrágios e Evandro Vieira 1.034. Ficou assim constituída a diretoria então eleita: José Jacinto de Araujo – Secretário; Roberto Guedes Cavalcante – Diretor de Finanças; Francisco de Assis Camelo – Diretor Social; Luiz Carlos Rangel Soares – Diretor de Patrimônio; Marcos Souto Maior – Diretor de Esportes; Audhemar Peregrino – Diretor de Arte e Cultura e Jáder Franca – Diretor de Relações Públicas. Para o Conselho Deliberativo o mais votado foi Josélio Paulo Neto.

Uma semana depois era a vez do povo ir às urnas em todo o Estado para a escolha de um senador e dos deputados federais e estaduais. O governador já havia sido eleito pelo processo indireto. Disputavam o senado, Aloisio Campos, pela ARENA, e Ruy Carneiro, pelo MDB. Como aconteceu na maioria dos estados brasileiros, na Paraiba o MDB conseguiu fazer vitorioso o seu candidato, que obteve 297.721 votos, enquanto o candidato apoiado pelo governo foi sufragado por 278.604 eleitores. Para a Câmara Federal, no entanto, a ARENA fez um maior numero de parlamentares, elegendo sete e o MDB quatro. Os mais votados pela ARENA foram Wilson Braga e Antônio Mariz e pelo MDB, Humberto Lucena e Marcondes Gadelha. Na Assembléia Legislativa a ARENA também obteve maioria de eleitos, com vinte e dois deputados estaduais e o MDB com apenas onze. Enivaldo Ribeiro e Evaldo Gonçalves foram os mais votados na ARENA e Inácio Pedrosa e José Lira, no MDB.

Foi uma semana de novembro bastante movimentada e bem ao gosto dos que gostam de política. Mas havia uma motivação especial, o povo estava assim demonstrando a vontade de voltar a eleger livremente seus representantes, fazer valer o direito democrático de expressar suas opiniões, o que desde o golpe militar estava sendo impedido de fazer.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.
 


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