Alberto Arcela

Publicitário e jornalista

Opinião

Circo de horrores


25/08/2024

O que uma brochada tem a ver com o momento em que vivemos?

A depender das fotos e vídeos, que exibiram nesse final de semana para o grande público, o constrangimento de um casal que tentou sem sucesso copular na paradisíaca praia de Pipa, diz muito da falta de sintonia que se faz presente no tempo em que vivemos.

Em primeiro lugar, pela ausência de privacidade que persegue a todos nós, e também pela presença do grande olho que a tudo e todos ameaça indistintamente e com um apetite voraz.

Qualquer um, em qualquer lugar pode ser flagrado e mais tarde exposto para milhares ou até mesmo milhões de internautas em todo o mundo civilizado.

Apesar da falta de civilidade que isso representa, o que não quer dizer muita coisa.

Curiosamente, o ato falho em questão ocorreu num lugar que tem cheiro de pecado e talvez, por isso mesmo, tenha sido compartilhado para tanta gente em tão pouco tempo.

E justamente num momento em que as pessoas celebram o sexo com todas as suas variações e potencialidades, e fazem dele uma bandeira de luta e de novas conquistas sociais.

Nesse aspecto, o olho que a tudo vê, viu mais do que devia e escancarou a vergonha e o vexame, além de permitir que o escárnio escancarasse um momento íntimo de uma fraqueza humana.

Bem diferente dos nudes que são cada vez mais comuns e dos sites que se propõem ao prazer solitário.

O que vimos em Pipa, em meio a uma paisagem exuberante foi o fruto do acaso, ou mesmo da presença de Eva com sua maçã do amor, constrangida e mal amada.

A grande questão é o que se pode fazer a respeito?

Como impor limites para aquilo que vai de encontro à liberdade do indivíduo?

Ou melhor. Como respeitar as quatro paredes, mesmo que elas só existam na nossa imaginação?

Ou será que tem de ser assim mesmo?

Que vivemos na verdade dentro de um circo, se equilibrando no mundo e fazendo rir.

Um circo sem lona, com muita diversão e também com muita tecnologia.

O circo de Chaplin e de Ivan Lins, onde somos todos iguais nessa noite.

No meu tempo de criança os melhores eram o Tihany e o Gran Bartholo, hoje é o BBB da rede Globo.

O formato é o mesmo desde a Roma antiga. E o intuito é só mesmo divertir mesmo que alguém morra em cena.

Não há diferença entre morrer de verdade e morrer de amor.

Quando era pequeno, sonhava em viver e trabalhar no circo, com seus malabares e trapézios.

Achava o ambiente fascinante e as mulheres fabulosas.

Nem que fosse um circo de horrores, com amores pela metade e até mesmo com a Monga no elenco.

Hoje, vejo que o circo se modernizou e despe almas e corações. E mesmo o palhaço já não é ladrão de mulher.

Mas, isso pouco importa, porque o espetáculo não pode parar,

Vamos, portanto, todos ao circo.


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