Rui Leitão

Jornalista e escritor.

As cavernas ideológicas


26/09/2024

Algumas pessoas insistem em viver como os homens das cavernas, presos à única realidade que conhecem. O mundo virtual em que trafegam, no uso exclusivo das redes sociais para tomar conhecimento do que está acontecendo, as empurra para a escuridão do saber. São o que pudemos chamar de “cavernas ideológicas”. Elas ficam reféns da própria inconsciência.

Voluntariamente se recusam a buscar o verdadeiro conhecimento. Não se permitem retirar o “véu da ignorância”. Aceitam as informações propagadas na internet, replicando-as para os que igualmente se inserem nesse campo de vida social, sem o cuidado de fazer qualquer questionamento. A ausência de conhecimento é uma forma de alienação. São habitantes das novas cavernas de Platão.

A falsa realidade que lhes são impostas orienta para uma massacrante inversão de valores. São indivíduos que não pensam, não questionam, não perguntam, aceitando padrões prontos e repetindo tudo o que lhes são apresentados como verdadeiros. Não conseguem ver os problemas sociais que existem fora do seu mundo fictício/ideológico. O individualismo exacerbado manifestado nos que integram esses agrupamentos virtuais, não oferece oportunidades para dar voz aos que não têm voz, nem destampam seus ouvidos para escutar os que estão à margem do direito. São excludentes e dominadores.

Ao se fecharem nessas “cavernas ideológicas” procuram, a qualquer custo, legitimar pontos de vista políticos, sociais e econômicos, ainda que ilógicos e irracionais. Não se dão conta de que a verdade está na superação da ignorância. Permanecem, por vontade própria, na caverna de suas concepções. Praticam, apaixonadamente, a máxima de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.

Envoltos nas falsas ideias e nos preconceitos, eles têm dificuldades em admitir as verdades que lhes desagradam. Não querem sair dessas prisões de portas abertas. Ignoram o que nos ensinou o filósofo Sócrates: “Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância”.


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