Política
Ainda existem muitos “Tiu França” no Brasil
19/11/2024
O episódio da noite do dia 13 último, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, quando um homem de forma tresloucada tentou atacar com bombas o prédio do Supremo Tribunal Federal, culminando com o seu suicídio, não pode ser considerado um caso isolado. Ele é a repetição de outras ações terroristas realizadas desde o conhecimento do resultado da eleição presidencial em 2022, incluindo a barbárie do dia oito de janeiro do ano passado.
É muito triste constatar que parte da sociedade brasileira foi vítima de um adoecimento provocado pelos discursos de ódio e antidemocráticos propagados por lideranças da extrema direita. Surtos psicóticos não param de acontecer. Todos eles protagonizando atos de violência. Não tendo condições de exercitarem um pensamento crítico, adotam o raciocínio falso.
Freud já dizia no livro “Psicologia das massas e análise do ego”, que as hordas urbanas são reminiscências da pré-história e que os indivíduos pensam de um jeito, e de outro quando estão em grupo, como se estivessem hipnotizados. Esse era o retrato comportamental do dia oito de janeiro.
Eles ameaçam e agridem pessoas, trocando o alto nível dos debates de ideias e conceitos, pelo discurso do medo messiânico do bem contra o mal, mentes, almas e espíritos capturados em uma sociedade de boa-fé.
O Tiu França é apenas um exemplo desse fanatismo resultante de uma histeria coletiva que produz uma ruptura do tecido social. Existem muitos por aí oferecendo perigo à segurança e à ordem social democrática. Esse pessoal fugindo da racionalidade, não suporta o pensamento discordante, nem admite o contraditório. É convencido de que os divergentes são inimigos e que precisam ser eliminados. Por isso pratica o vandalismo e perde o senso de civilidade, contaminado pelo discurso de ódio.
Não quero, nem devo, aqui generalizar na afirmação de que os ideólogos da direita se enquadram nesse perfil. Existe, sim, uma direita sociável, sensata, que não compactua com essas loucuras que temos assistido. Ficamos na expectativa de que esses líderes responsáveis possam novamente recuperar o protagonismo e refletir sobre tudo isso que está acontecendo, de forma a que ofereçam sua contribuição para a reconstrução de uma Nação plural, de direita e de esquerda, mas no exercício do diálogo e do respeito recíproco.
É essa psiquiatrização da extrema direita que gera indivíduos como o Tiu França. E eles estão espalhados por todo o país, atacados por uma cega devoção e uma total idolatria. Essa doença tem cura. Basta atacá-la com os remédios adequados, libertando-os desses distúrbios mentais que podem levar à morte, deles mesmos e de outros. Como, por exemplo, aplicando a justiça, nos rigores da Lei, para aqueles que capturam mentes com discursos de ódio.
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