Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A preguiça mental


01/07/2023

O comodismo nos induz à preguiça mental. O efeito disso é a procrastinação de atitudes que mereciam ser tomadas em benefício próprio. É quando se insiste em não encontrar respostas para os problemas dentro de si mesmo e fica numa posição de passividade, deixando que outros encontrem as soluções para os seus dilemas. A inatividade do pensar permite que ideias alheias sejam aceitas sem que o indivíduo as discuta consigo mesmo.

Agindo assim, na inércia do pensar, fica potencializada a incapacidade de distinguir o que é certo e o que é errado, e as ações individuais passam a ser determinadas pelo que os outros decidem. Quem não tem opinião própria perde a individualidade, porque é influenciado pelas mentiras primárias a que tem acesso. É assim que os tiranos conseguem formar um povo encabrestado. Uma sociedade que se nega a raciocinar, questionar, interpelar, criticar, torna-se escravizada, submetendo-se pacificamente aos discursos autoritários. Leva o oprimido a ter a falsa sensação de que está protegido, seguro, e, por isso mesmo, amedrontado diante das alternativas de mudanças que lhes sejam apresentadas.

A preguiça mental remete ao pecado contra a sabedoria, perdendo a noção do que seja prudência e bom senso. Reside aí o perigo de ser arrastado pela irracionalidade que cega. O preguiçoso mental movimenta-se como se fosse uma folha seca que é carregada pelo vento. Faz sempre a opção que lhe dê menos trabalho, que exija menos esforço, que o exima de ir para o campo da batalha. É, portanto, um egoísta por excelência. O ócio é uma de suas fontes de prazer.

O pensar ativa a razão. O exercício do pensamento crítico desliga o viver no automático e energiza o sistema deliberativo sobre as escolhas que são oferecidas para encaminhar a própria vida, com decisões inteligentes e autônomas. Estamos vivendo um tempo em que as pessoas se entregam facilmente aos estímulos sociais e exteriores, sem que se faça uma reflexão sobre as suas conveniências e consequências. Conduzidas, então, pelas circunstâncias.

A preguiça mental é o melhor formador de um espírito alienado, aparvalhado, afastado dos seus próprios interesses. Não há evolução em nada sem o esforço do pensamento. Que não percamos nunca a liberdade de pensar.


O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.