Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A falta de argumentos


16/02/2022

Quando faltam argumentos para se contrapor a uma informação que desagrada, é comum que algumas pessoas partam para a agressividade e a ofensa como formas de ataque, tentando conquistar a razão na base da força. Recorrem à desqualificação, porque se mostram incapacitados para manter um debate sério e responsável. Revelam-se minúsculos intelectualmente, optando pela mediocidade ao partir para os insultos pessoais.

Eles são contumazes no redirecionamento do foco do debate, fazendo prevalecer colocações irrelevantes, na maioria das vezes falaciosas, que nada têm a ver com o assunto tratado e que contrariam o seu pensamento. Desprovidos de ideias sólidas, só lhes resta desclassificar o interlocutor, sem se envergonharem da sua irracionalidade e pobreza argumentativa.

São os chamados ataques ad hominen, onde preferem atacar pessoalmente o oponente, e não o seu argumento, procurando invalidá-lo. Ao invés de refutarem a verdade do argumento exposto na discussão, atacam diretamente o caráter pessoal de quem está com eles debatendo. Movidos por raiva ou frustração, mostram-se inabiliitados para manter um bom debate construtivo, porque são impulsionados pela emoção.

É importante que, nessas situações, estejamos preparados para não entrar no jogo das provocações, e não revidarmos, impedindo assim que se estabeleça um conflito de nível pessoal. Mantermos a boa lógica e a capacidade de persuasão, sem perdermos a calma e a educação. Ao percebermos que o nosso debatedor resolveu apelar para o desaforo, melhor se calar, porque está demonstrado que ele deixou explícita a derrota confessada. Isso não é fugir do debate, mas compreender que insistir nesse tipo de discussão é estimular polêmicas estéreis, contraproducentes e esdrúxulas.

O fanatismo e a inteligência nunca se harmonizam, nos ensinou o conterrâneo Ariano Suassuna. Os fanáticos têm devoção cega por alguma coisa ou temas. Por isso são flagrados, quase sempre, em delírios até incompreensíveis pela irrracionalidade manifestada. A visão maniqueista e a estreiteza mental, não lhes conferem razão nas causas que defendem. Têm personalidades enfraquecidas pela forma como se comportam, quando se veem sem argumentos para contraditar. Idólatras inconsequentes desprezam a sabedoria e o discernimento, na defesa apaixonada das suas opiniões. É muito difícil acompanhar o raciocínio dos fanáticos. Então, o melhor é não dar oportunidade para que eles compartilhem de debates conosco, porque insistem em apresentar equivocadas visões do mundo, utilizando-se da arrogância e da intolerância. O filósofo libanês Kahlil Gibran dizia que: “um fanático é um orador surdo”. Tem ouvidos moucos para o contraditório.


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