Política
Centrão quer mais ministérios após eleição de Hugo Motta, mas não garante apoio a Lula em 2026
Na última reunião ministerial, o presidente questionou se siglas do Centrão querem “continuar trabalhando” com o governo na próxima eleição
23/01/2025
Brasil 247
Ministros, parlamentares e presidentes de partidos do Centrão avaliam que ainda é cedo para cravar apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2026. Durante reunião ministerial na última segunda-feira (20), Lula questionou se esses partidos querem continuar trabalhando com o governo na próxima eleição. As informações são do g1.
A fala de Lula ocorre em meio a um momento de pressão do Centrão para ganhar ainda mais espaço na Esplanada dos Ministérios. Partidos como o União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos já ocupam ministérios no governo, mas se dividem entre situação e oposição nas votações no Congresso.
Além disso, essas siglas contam com nomes cotados para concorrer à Presidência nas eleições de 2026. Ratinho Júnior, do PSD, Ronaldo Caiado, do União Brasil, e Tarcísio de Freitas, do Republicanos, são alguns exemplos.
Nesse sentido, na avaliação dos ministros do Centrão, anunciar apoio à Lula agora seria apenas uma “carta de intenções”, já que não seria possível prometer que será cumprido na frente. Segundo um ministro, a decisão de estar ou não com o presidente em 2026 dependerá do cenário. “Se o governo se sair forte de 2025, será mais fácil advogar internamente”, explica.
A articulação para as eleições de 2026 passará pela governabilidade no Congresso Nacional e pelas pesquisas de intenção de voto e de popularidade do governo até lá. “Em todos os partidos, há setores que se aliam e setores refratários. Se o partido decidir apoio sobre 2026 agora, isso estimula a fragmentação. E eu não quero levar metade do partido, nem 1/4 do partido. Quero levar o partido inteiro”, disse um representante do Centrão no governo.
Outro representante garante que nenhum partido definirá isso neste momento. “Meu apoio pessoal será de Lula, mas o [apoio] partidário não depende apenas de mim”. afirma.
Os presidentes dos partidos do Centrão vão no mesmo sentido. “Hoje, não há essa definição porque tem várias correntes no partido. Tem corrente que quer apoiar a reeleição do presidente Lula, tem corrente que quer lançar candidatura própria, tem corrente que quer se juntar a um candidato de centro-direita. Vamos tomar decisão mais pra frente, sem açodamento, ouvindo a todos e seguindo o instinto democrático do partido”, disse.
No MDB, uma ala tem se mostrado mais próxima do presidente, com figuras como o senador Renan Calheiros (AL) afirmando que o partido estará ao lado de Lula em 2026. No entanto, essa visão não é unânime dentro da legenda. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, integrante do MDB, tem defendido que o partido adote uma postura de independência. Já no PP, o ex-ministro Ciro Nogueira, atualmente em oposição ao governo, declarou que o partido não seguirá a reeleição de Lula em 2026, embora o PP mantenha um ministério na Esplanada.
Um fator adicional que pode influenciar essas decisões é a distribuição geográfica do apoio. Siglas que optarem por se alinhar a Lula podem fortalecer suas bases em regiões do Nordeste, onde o presidente é popular, mas terão dificuldades nos estados do Sul e Sudeste, onde a oposição tende a ser mais forte.
No governo, a busca por uma redistribuição ministerial também está em pauta. Partidos como o PP e o Republicanos, que atualmente ocupam apenas um ministério, pedem mais espaço, especialmente após a eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) como próximo presidente da Câmara. De acordo com fontes próximas ao Planalto, o governo já iniciou conversas para aumentar a representatividade desses partidos, com discussões que envolvem a possibilidade de mais ministérios ou cargos de relevância.
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