Conheci a banda Melancholic Wine no Rock na Usina e, particularmente, o que mais me chamou atenção foi o front com dois vocais algo que já é massa por si só, e sendo dois femininos ficou melhor ainda. Agora tive a oportunidade de conhecer o trabalho da banda mais a fundo e, em contato com Bárbara, uma das vocalistas, percebi que eles estão com sangue nos olhos para fazer o projeto crescer ainda mais.

Com Grayish, a Melancholic Wine consolida a identidade que a banda vem moldando desde 2018: um metal contemporâneo que combina o peso emocional e sonoro do metal moderno com nuances góticas, melódicas e progressivas. O álbum nasce como uma síntese da própria essência da banda a celebração da melancolia como linguagem artística e do sentir-se “cinza” como estética e discurso.
As nove faixas funcionam como fragmentos dessa paleta acinzentada: “Misty”, “Heart of Melancholy”, “Shards”, “Sorrow in #808080”, “As a Ghost Inside Of Me – Re-Recorded”, “My End”, “Ossos de Baleia”, “Ashen Forever” e “Foggy”. Cada uma explora diferentes situações de introspecção, nostalgia e desgaste emocional.
“O Grayish vem para representar se sentir além de triste, apático um sentimento com a cor cinza”, comenta Bárbara.
A força do trabalho não está apenas nas composições, mas também no contraste vocal: duas frontwomen entregando diálogos entre melodia limpa e gutural extremo, ampliando a sensação de conflito interno e fragilidade emocional. É uma estética rara na cena paraibana e brasileira como um todo ainda mais considerando os obstáculos impostos por machismo, preconceitos e a dura realidade de ser uma banda independente.
Gravado com recursos próprios e produzido por Mad Ferreira, Grayish impressiona justamente por alcançar uma atmosfera madura e identificável mesmo sem o suporte de uma grande produtora. O álbum é o retrato cru de uma banda que cresceu na cena alternativa de João Pessoa, construindo seu caminho com persistência, apoio comunitário e a clássica filosofia do faça você mesmo.

Matheus, Juan Diego, Anny, Hélio, Bárbara e Heitor
“Acho que a cena está cada vez mais resiliente. As dificuldades não diminuíram ou desapareceram, mas existem novas formas de enfrentamento e possibilidades”, avalia Bárbara sobre o cenário atual.
Grayish é o manifesto cinzento da Melancholic Wine um registro que reafirma sua relevância na cena independente do Nordeste e sua capacidade de transformar dor, apatia e melancolia em arte.
Confira o álbum nas principais plataformas:
https://ditto.fm/grayish
Formação – Melancholic Wine:
Vocalistas: Anielle Braz (Skyla) e Bárbara Tayná
Guitarristas: Heitor Silva e Matheus França
Baixista: Juan Diego
Baterista: Hélio Silva
Siga a banda no Instagram:
https://www.instagram.com/melancholicwine/
Fotos: Mad Ferreira
Capa álbum: João Duarte
