Nos anos 80 e início dos anos 90, as informações circulavam no boca a boca ou pelos zines. Eu havia comentado que estava querendo pedir o álbum Ramonesmania pela Cogumelo, e meu grupo de “camisas pretas”, que se reunia na hora do intervalo no Colégio IPEP, disse que tinha visto o disco na Óliver Discos. Eu, fã nato do Ramones, pirei e já fui atrás de levantar recursos para adquirir aquela relíquia.
Me recordo como se fosse hoje, apesar de já fazer tanto tempo. Creio que foi por volta de 1992. Fui até a Óliver Discos, que ainda funcionava perto do Mercado de Artesanato de Tambaú, e fiquei esperando a loja abrir. Não era minha primeira vez ali já tinha ido algumas vezes por curiosidade, mas foi minha primeira compra. Pouco tempo depois, aparece Óliver em sua “magrela”, com a simpatia de sempre.
Hoje vamos conhecer um pouco da história de Óliver de Lawrence, empresário da Óliver Discos e vocalista da banda Necrópolis.
Óliver começou a ter contato com discos aos 10 anos, muito influenciado pelo pai, que já era colecionador. Seus dois primeiros discos foram Kiss (Destroyer) e AC/DC (Highway to Hell). A partir daí, passou a conhecer outros amantes da música, ampliando seu acervo e seu conhecimento sobre rock.
Com seu amor já acachapante pelo gênero, e com a chegada de um grande amigo vindo de fora do país com a intenção de abrir uma loja, Óliver se associa a ele e fundam a Strawberry Records, no final de 1988. Não perguntei a Óliver o motivo de ter mudado o nome para Óliver Discos, fundada em 20/10/1991, mas imagino que a pronúncia do nome antigo não ajudava muito comercialmente (risos).
Na conversa, perguntei se a loja havia influenciado a criação da banda Necrópolis, e para minha surpresa ele disse que a banda veio antes da Strawberry. Ele tinha apenas 14 anos, em 1984. Hoje, a Necrópolis completa 41 anos de estrada.

Necrópolis – Poggo – 2014
Embora a Necrópolis toque thrash metal, a principal influência de Óliver é o Heavy Metal Tradicional. Seu gosto, no entanto, se estende do punk ao hard rock (até porque ele é dono de uma loja de discos tem que entender de tudo). Mas Óliver destacou duas bandas em nosso papo: Black Sabbath e Iron Maiden. E ainda disse:
“Se eu soubesse cantar, eu teria uma banda de Heavy Metal Tradicional.”
Com sua visão empreendedora e sua paixão pelo rock, Óliver apoiou muitos shows underground, lançou bandas em selos locais, de Natal e de cidades próximas. Entre os destaques, o lançamento do segundo disco da icônica Medicine Death e também o primeiro disco da própria Necrópolis.

Falamos também sobre sua visão da cena underground. Óliver comentou que o underground deveria deixar de ser “underground”: as bandas poderiam estar tocando em rádios e em outros meios. Concordamos que a internet veio para dar essa força a mais, mas a colocação dele faz muito sentido. Eu sempre digo: nós do underground, às vezes, fazemos papel de coitadinhos, mas podemos fazer muito mais. Temos bandas excelentes de vários estilos e não devemos nada ao mainstream.

Sobre a cena local, ele diz que ela vai e volta, mas que se tivesse apoio de órgãos públicos como acontece em Recife estaríamos muito melhor, além da necessidade de mais espaços e fomento.
Perguntei sobre empresas apoiarem o rock autoral, e Óliver deixou um recado: as empresas precisam olhar para o rock de forma diferente. É um público altamente fiel, formador de opinião e inesgotável. A cada 10 anos surge uma nova geração, mas ela continua fiel ao rock’n’roll.

Bergson, Hansen, Óliver, Williard, Edgley, Delos, Diego e Klaton
Óliver, sem dúvidas, é um dos resistentes da nossa cena underground e, há mais de 40 anos, contribui com o corre das bandas e produtores. Que venham muitos anos dessa parceria Óliver/Underground.
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