Saúde

Viagens colocam a visão em risco

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05/12/2013

 Os boletins epidemiológicos do Comitê Estadual de Saúde do Viajante, criado pela Secretaria de Saúde de São Paulo, mostram que de todas as doenças transmissíveis monitoradas no turismo, a conjuntivite é a segunda maior em número de notificações.

De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, um dos fatores que contribui para isso é o uso abusivo de ar condicionado que nem sempre tem manutenção adequada e infesta o ar com microorganismos.

Perigo da água contaminada

O risco de contaminar os olhos é ainda maior entre as pessoas que optam pelos cruzeiros e não resistem a um banho de jacuzzi. Isso porque, explica, a água quente facilita a proliferação de parasitas e bactérias. “Já atendi uma paciente que entrou numa jacuzzi e quase perdeu a visão”, afirma. O problema foi a contaminação da córnea, membrana externa do olho, por acanthamoeba. O parasita está em todo lugar, mas tem preferência pela água e ganha sobrevida nas quentes, alerta. Uma em cada três contaminações da córnea por acanthamoeba leva ao transplante. Os sintomas são dor intensa, olhos vermelhos e aversão à luz. Usar lentes de contato em jacuzzis, praias ou piscinas dobra o risco de contaminação fulminante da córnea e pode até cegar, adverte.

Umidade cai 30% em aviões

O médico diz que na cabine de aviões a quantidade de oxigênio no ar é menor e a umidade cai 30%. Por isso, os olhos ficam ressacados e se transformar em uma porta aberta para contaminação. Com a popularização do transporte aéreo não é de se estranhar que o número de notificações de conjuntivite esteja em alta nos boletins epidemiológicos, afirma.

Uma falha comum entre turistas, ressalta, é querer ganhar tempo colocando a correspondência eletrônica em dia durante a viagem. Muitos dos que viajam à noite, período em que a produção lacrimal é menor, chegam a ver três filmes no percurso. “Isso causa fadiga visual e piora o ressecamento dos olhos. Para driblar o desconforto e evitar complicações, o ideal é carregar na bagagem de mão colírio de lágrima artificial para instilar nos olhos durante o vôo”, recomenda.

Lente de contato pode lesar córnea

Queiroz Neto afirma que no avião as lentes de contato devem ser substituídas por óculos sempre que o vôo ultrapassar 2 horas. Isso porque, a baixa umidade das cabines faz com que a lente que fica suspensa sobre a córnea entre em atrito com sua camada externa, mesmo que a lágrima artificial seja instilada no olho.
Quem insiste em usar a lente de contato nas viagens aéreas mais longas, provoca lesões superficiais na córnea, destaca.

O resultado são olhos vermelhos, doloridos e lacrimejantes. A única terapia para este tipo de dano é evitar o uso de lente até a completa regeneração da córnea.

Em pessoas com baixa imunidade e nas que voltam a usar a lente antes da recuperação, as lesões podem infeccionar. “Caso a infecção não seja tratada com medicamentos adequados provoca úlceras na córnea e diminuição permanente da visão” avisa.

Calor faz colírio perder efeito

Segundo Queiroz Neto, quem tem glaucoma, doença que em 90% dos casos está relacionada ao aumento da pressão intraocular, deve informar seu oftalmologista quando vai viajar para que adapte a prescrição dos colírios ao tipo de viagem.

O especialista explica que todo colírio desnatura, ou seja, perde o efeito quando exposto a altas temperaturas, mas alguns precisam ser mantidos sob refrigeração.

Este é o caso cetotifeno indicado para alergia ocular, e dos análogos de prostaglandina – latanoprosta e tafluprosta – indicados para tratamento de glaucoma. “A adesão ao tratamento do glaucoma pode significar a diferença entre enxergar e perder definitivamente a visão. Por isso é tão importante que a mudança de rotina não interfira no tratamento”, comenta.

Outra dica do médico é carregar colírio para apenas 1 mês. “A maioria dos colírios têm validade de um mês depois de abertos. Usar medicação vencida é igual deixar de usar” ressalta. Um estudo feito pelo médico mostra que 67% dos brasileiros não sabem usar colírio. As dicas para a instilação correta são:

Lave as mãos antes da aplicação.
Verifique no frasco se é recomendado agitar o produto antes de usar
Incline a cabeça para trás.
Flexione a pálpebra inferior com o indicador.
Com a outra mão segure o dosador
Coloque o medicamento sem relar no bico dosado, evitando a contaminação.
Feche os olhos por 3 minutos para garantir o efeito
Pressione com o polegar o canto interno do olho para reduzir efeitos colaterais
Se usar lentes de contato retire-as antes da aplicação
Recoloque as lentes de contato depois de 10 minutos da aplicação
Em caso de prescrição de mais de um colírio aguarde 15 minutos entre um e outro
Só aplicar medicação dentro do prazo de validade estipulado na embalagem



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