Economia
Trump ameaça punir países que negociam com a Rússia; Brasil pode ser afetado
Medida pode afetar o Brasil, grande importador de diesel e fertilizantes russos, e causar impacto direto no agronegócio
06/08/2025

Foto: Evan Vucci/AP
Lara Ribeiro
Em evento realizado nesta última terça-feira (5) na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou que pode impor tarifas de aproximadamente 100% a países que têm relações comerciais com a Rússia, principalmente na compra de petróleo, combustíveis e fertilizantes. De acordo com o Ministério da Agricultura, mais de 90% dos insumos usados no Brasil são importados, sendo 30% originários da Rússia.
A tentativa do presidente norte-americano é fazer pressão sobre Moscou para encerrar a guerra contra a Ucrânia.“Vamos tomar uma decisão sobre sanções a países que compram energia russa após a reunião de amanhã com a Rússia”, destacou Trump.
Apesar de não ter citado o Brasil em sua fala, a decisão do presidente pode afetar o país considerando que ele está entre os maiores compradores mundiais de diesel e fertilizantes da Rússia.
Cerca de 39,1% do diesel importado pelo Brasil, no primeiro semestre do ano, veio da Rússia, de acordo com dados da consultoria StoneX, e 32,8% dos EUA. Além disso, é importante destacar que o Brasil é bastante dependente dos fertilizantes russos, o que representa um risco para o agronegócio do país.
Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, não é simples tirar a Rússia do mercado e encontrar fornecedores alternativos. “Se o cenário evoluir para o ponto em que o Brasil seja taxado por manter relações comerciais com a Rússia, o Brasil vai continuar comprando os produtos russos”, afirmou em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Recentemente, parlamentares brasileiros estiveram em Washington e afirmaram ter percebido que novos atritos podem acontecer nos próximos 90 dias. De acordo com o senador Carlos Viana (Podemos-MG), outra crise, ainda pior, pode atingir o Brasil. Ele também informou que congressistas republicanos e democratas defenderam a aprovação de uma lei prevendo sanções automáticas a países que mantêm negócios com Moscou.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, comunicou ainda que, além das taxas, como forma de retaliação, os EUA poderiam exigir restrições diretas à compra de produtos brasileiros.
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