Paraíba

Professor da UFPB fala sobre economia forense

DEPTO. DE ECONOMIA


23/02/2017

O professor do Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Erik Figueiredo, comenta em seu novo artigo nesta quinta-feira (23), a economia forense como um elo entre a academia e a sociedade.

Segundo Erik, "a microeconomia tradicional explica o comportamento médio de indivíduos, firmas e governos, a partir de conceitos matemáticos".

Confira o texto na íntegra

A economia forense como um elo entre a academia e a sociedade

Por Erik Figueiredo

A área de economia forense, ainda incipiente no Brasil, vem se apresentando como uma importante ferramenta para a detecção de comportamentos fraudulentos. A ideia é bastante simples: a microeconomia tradicional explica o comportamento médio de indivíduos, firmas e governos, a partir de conceitos matemáticos. Essa modelagem se aplica tanto a quem está tomando decisões corriqueiras, como escolhas de consumo ou de produção; quanto a quem decide cometer algum ilícito, como se envolver em corrupção. A economia forense se concentra nesse segundo conjunto de comportamentos.

Os exemplos de sua aplicação são diversos. O livro ‘Freakonomics: o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta’ (Editora Campus, 2005), escrito por Steven Levitt e Stephen Dubner, cita um caso onde professores do Estado Norte Americano de Chicago ensinavam os alunos a passarem em um teste de avaliação de desempenho. Em muitos casos, os próprios professores respondiam as provas motivados pelo bonus salarial decorrente do melhor desempenho dos alunos. Utilizando os conceitos de economia forense, pesquisadores da Universidade de Chicago conseguiram identificar as escolas e os professores com comportamentos inadequados. Todos foram demitidos pelo governo estadual.

Outro caso é relatado no artigo do professor de economia da UFPE, Breno Sampaio, ‘For love of country: nationalistic bias in professional surfing’. Com base em uma série de controles estatísticos, o autor identifica que os juízes do campeonato mundial de surfe tendem a favorecer os surfistas compatriotas usando um mecanismo ardiloso: dando notas mais baixas para os surfistas adversários, quando esses estão ocupando as primeiras posições. Esse artigo repercutiu no mundo do surfe profissional, gerando um debate na revista Surfer Magazine.

Recentemente, um aluno do curso de Pós-Graduação em Economia do Setor Público, Weverton Lisboa de Sena, trouxe o conhecimento forense para próximo da realidade paraibana. O objetivo principal de sua dissertação de mestrado intitulada ‘Previsão de risco das gestões municipais: um modelo de resposta qualitativa para subsidiar as auditorias do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba’, é calcular a probabilidade de um prefeito se envolver em um caso de corrupção observando, entre outras coisas, a estrutura de gastos da prefeitura. Seu modelo é capaz de detectar quais as rubricas de gastos são mais propensas a desvio de dinheiro público e, a partir do uso de alguma sofisticação estatística, conseguir calcular a probabilidade de ilícitos em cada um dos 223 municípios paraibanos. Em resumo, esse instrumental melhorará os mecanismos de fiscalização tornando mais difícil a vida daqueles que fazem mau uso dos recursos públicos.

Por fim, em um país com tantos casos de corrupção e comportamentos ilícitos, a economia forense surge como uma ferramenta de identificação desses padrões. Nesse sentido, muito mais do que as áreas já consolidadas na teoria econômica, ela é capaz de criar um importante elo entre o mundo a acadêmico e a sociedade em geral.  



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