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Presidente da Funai é flagrado pela PF oferecendo ‘apoio’ a servidor preso por suspeita de arrendar ilegalmente terras indígenas


25/08/2022

Brasil 247



Interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal (PF) com autorização judicial flagraram o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Augusto Xavier, oferecendo “toda a sustentação” a um servidor do órgão que foi preso pela suspeita de integrar um esquema ilegal de arrendamento de terras em áreas indígenas no Mato Grosso. De acordo com o jornal O Globo, a gravação foi anexada a um relatório da PF que aponta que Marcelo Xavier deu “sustentação à ilegalidade”.

A interceptação telefônica foi feita no início deste ano durante uma investigação que resultou na prisão do chefe da Funai no município de Ribeirão Cascalheira (MT), o ex-fuzileiro naval Jussielson Silva, além de um policial militar e um ex-PM, sob a suspeita de cobrarem suborno para alugar pastos ilegalmente na reserva indígena Marãiwatsédé. Segundo as investigações da PF,  o esquema havia inserido cerca de 70 mil cabeças de gado em 42 pontos do território inígena.

“Deixa eu te falar uma coisa: eu falei agora com o chefe da Delegacia aqui e me parece que eles tão com uma má vontade enorme”, disse o presidente da Funai na conversa telefônica com Jussielson da Silva interceptada no dia 18 de fevereiro deste ano. “Eu vou dar ciência já do caso ao corregedor lá de Mato Grosso, ao corregedor nacional da Polícia Federal aqui e já vou acionar nossa corregedoria para atuar nisso aqui. Pode ficar tranquilo”, disse Xavier.

Jussielson agradeceu  o apoio dado pelo chefe da Funai: “sim, eu agradeço porque a gente está na ponta da lança. O senhor é o meu apoio de fogo. O senhor me protegendo, fico mais feliz ainda”. Em seguida, Marcelo Xavier reiterou que ele poderia “ficar tranquilo aí que você tem toda a sustentação aqui. Pode ficar sossegado”.

Em nota, a Funai destacou que Jussielson Silva foi exonerado e que o órgão “se mantém à disposição das autoridades policiais para colaborar com as investigações”, além de afirmar que “desde 2018 busca uma solução para o impasse envolvendo a prática de arrendamento na Terra Indígena Marãiwatsédé em diálogo constante com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal”.



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