O Marketing significa negócio. Para haver negócio e negociação, pressupõe-se haver produtos ou serviços, e as transações devem oferecer benefícios às partes envolvidas. No caso do marketing político, este vem sendo cada vez mais diversificado. Trata desde a imagem dos candidatos políticos, propostas, partidos, e outros assuntos.
Ocorre que na maioria os candidatos não são ou estão preparados para assumir compromissos, e principalmente a responsabilidade de gestão para administrar cidades, estados, países. De forma que lá adiante quem sofre as consequências pagando alto preço é a sociedade que o escolheu. E não há, para qualquer caso, consultor de marketing que traga respostas e soluções prontas para atender tais problemas, por menor que sejam.
Se os candidatos não trazem bagagem capaz para administrar, para lidar com as demandas políticas e da população, imagina se da noite para o dia se consegue implantar modelos de gestão de resultado e sucesso. Pura ilusão pensar que será o profissional de marketing, ou marketeiro como deseja chamar a maioria, quem irá definir regras de sucesso.
Outra disputa muito corriqueira dá-se nos bastidores entre consultores e clientes; os políticos que compram serviços de atendimento de marketing. Por mais dados estatísticos e técnicos, pesquisas e outras informações, muita vez o cliente não segue o caminho sugerido e acaba decepcionado, impactando negativo na comunidade. E muita vez culpa seus próprios assessores e homens de marketing por resultados que não chegam.
Para que o marketing político exerça sua função deve haver entrega de serviços, projetos, propostas claras à população. Não é apenas inaugurar serviços, creches, escolas, hospitais, abrir ruas, estradas, viadutos, parques. É preciso a manutenção, a sustentabilidade, é preciso haver profissionais capacitados para atendimento, para dar continuidade, para fazer funcionar o conjunto de soluções ofertadas. O marketing não fará o milagre de aprovação de uma gestão sem que a contrapartida seja efetuada com rigor. Visto dessa forma é querer empurrar sujeira embaixo do tapete. Tem uma hora que vem tudo à tona e a exposição declara contra.
Nos atuais programas de televisão em que aparecem candidatos à prefeitura tem-se assistido a uma enorme quantidade de conversas que mais parecem querer enganar o eleitor naquilo que ele tem de melhor, que é o poder puro da percepção de quais coisas funcionam para sua satisfação, ou não, e que possam receber sua aprovação. Os políticos perdem enorme tempo preocupados em atacar e desconstruir a imagem dos concorrentes, enquanto o telespectador anda preocupado em saber que soluções existem como propostas para os atuais problemas sociais ao redor. Pior, o telespectador anda desconfiado de tudo e todos, não cabendo confiar na palavra de políticos profissionais de plantão. Esses mesmos que andam aprontando e fazem parte de grupos qualificados de corrupção.
As propostas deveriam pautar entre conceitos de inovação para cidades inteligentes, para a assistência social, educação, cultura, turismo, iluminação pública, lixo, orçamento, saneamento, saúde, segurança, transparência e transporte. Porém, há como que um vazio de informação, e não há projetos, indicação do que possa vir após as eleições. A democracia anda arranhada, o povo perdeu as esperanças, a motivação. Pior, o povo influenciado através da ação de neuromarketing, se deixou envolver por notícias que embalam a razão real das coisas e caminha para o anti-diálogo através do ódio, com ações de violência, preconceito, xingamento. A mídia diz que o governo não serve e abre espaço para estampar escândalos, transformando pequenos em grandes problemas que chegam afetar a imagem do país lá fora. Uma coisa é certa: Recuperar a credibilidade não é fácil.
Enfim, como diz o poeta e cantor Caetano Veloso, política é o fim!
Gil Sabino é jornalista e gestor de marketing. g.sabino@uol.com.br
Escrito por: Gil Sabino