Havia acolá uma árvore frondosa chamada Brasil. Alguns filhos da pátria ali se abrigavam, colhiam frutos, alimentavam, labutavam, avançavam. Era como que uma nação, bela, formosa, cheia de vida, mananciais, águas, frutos, minérios, ouro, petróleo. Havia também, por perto, de plantão, alguns falsos profetas, histriões, modelos ambiciosos e intrigantes de seres que pregavam mudanças, inovação e se autodenominavam messias (sagrado, libertador), contracenando com cidadãos pobres, humildes (porém, espiritualmente ricos) e cheios de uma esperança que não acaba…
Certo dia, eis que se aproximam algumas naves, caravelas artesanais pelo mar do Atlântico vindas de outras terras. As naus traziam contingentes colonizadores, inclusive, na bagagem escravos, armas, doenças e outras tantas fortes influências morais ainda como que denominando uma espécie de atraso ao ser humano. Sob as ordens de senhores da corte, exploravam, roubavam, mentiam, oprimiam, batiam, matavam, esquartejavam, saciavam seus orgulhosos desejos mascarados e Temerosos de que não lhe dessem crédito e assim o desmascarassem. Além de tudo, violavam a liberdade e traiam, traindo também a si mesmos.
A árvore frondosa, desde o início, conta em seu ciclo de vida até mesmo com os próprios micróbios no manejo embaixo da terra, corroborando para alimentar e fortalecer a semente que um dia viria à luz, sustentando sob a fotossíntese a partir dos raios do dourado Sol, desenvolvendo e gerando grande esplendor. O ecossistema da Terra. Transferência de matéria e energia visando um equilíbrio estável de vida.
Noutros dias, ainda carentes no esforço de organizar melhor o uso do cérebro, na caixa craniana, para desenvolver e executar com inteligência os processos da mente, eis que surgem novos modelos de gente, com capacidade ainda retrógrada de relacionar-se com seus semelhantes. Ainda tão rasteiros que apenas conseguem pensar mensurados na parte inferior da pirâmide de Maslow, que indica o básico do homem contemporâneo e suas necessidades: alimento + sexo + trabalho. Faltando ainda muito para um bom relacionamento social e superação. Daí os ciclos de bilhões de anos, passando pelo ser animal, a era primitiva, agrícola, industrial, tecnológica, e por fim o advento espiritual, quando enfim o homem liberta-se dos parâmetros inferiores da matéria passando a vibrar nas linhas sublimes do amor. Falamos de inteligência além de aqui.
A golpes de machado, ainda insensatos, homens cortam árvores como a frondosa Brasil, matam seres vivos para seu próprio alimento e sobrevivência, assassinam brutalmente seus semelhantes e nutrem sentimentos políticos de um falso poder, angustiados dentro de si mesmos, desnorteados da felicidade, distantes da prudência, da razão, distantes de Deus – que é igual ao amor que a tudo suporta.
Na semana que se passou, diante os espetáculos de uma ignorância cruel de golpe à nação brasileira, um amigo sentado à mesa para almoço, em meio à discussão propõe deixar Deus longe de tudo isso. Como não bastasse seu protesto à minha fala dizendo ser romantismo, aquilo nos provocou lembrar o legado das lições de Jesus, há pouco mais de 2000 anos, na política do amor. Entendemos que o homem caminhará ainda centenas de anos sofrendo perseguições, inveja, perguntando a si mesmo porque tanta dificuldade, porque tanta miséria, desigualdade, necessidade de guerras e lutas que continuam. Realmente, “eles não sabem o que fazem”.
Os processos sem Deus, sem amor, negam a arte, o trabalho, o direito de expressar. Ainda agora, ignorantes, sem direito a leitura, sem educação, sem cultura, sem organização, sem voto, sem fala, sem manifestação, sem incentivo para irrigar os processos inteligentes do saber e da ciência, para desenvolver e avançar, estará distante da ordem e da Lei Maior.
Gil Sabino é jornalista e gestor de marketing. g.sabino@uol.com.br
Escrito por: Gil Sabino