O princípio da lealdade está no respeito a si próprio. Ninguém consegue ser leal na vida privada, organizacional ou social, sem que haja um compromisso, em primeiro lugar, com sua consciência. É, portanto, uma virtude que valoriza o caráter. A lealdade, em sendo uma atitude que nasce de convicções, não de forças emocionais, é permanente e sincera.
Daí a diferença para a fidelidade, que se manifesta enquanto durarem pactos e compromissos. Somos fiéis durante o tempo em que assumimos obrigações recíprocas. Obedecemos a regras acordadas, tanto pelas oportunidades circunstanciais, quanto por medo ou dependência. Não há aí uma decisão de racionalidade, mas um sentimento ditado por emoções e conveniências.
A lealdade pressupõe honrar compromissos, independente da mutualidade. Por isso ela é eterna. Não desaparece nas diferenças que venham a surgir, não se finda nas decepções e incompreensões, não se abala nas dificuldades e sacrifícios. A manifestação da lealdade ultrapassa caminhos tortuosos, porque está sedimentada numa afirmação do seu íntimo. Ela não se prende ao estabelecimento de condições e requisitos. Ela resulta da consciência de um dever a ser cumprido sem imposições, a não ser da sua própria determinação.
A lealdade tem mais a ver com a alma. A fidelidade está mais associada às necessidades de interação pessoal. Lealdade é deliberação individual, sem cobranças, desinteressada. Fidelidade exige ajustes, acertos, comprometimento entre partes.
Na vida é importante que sejamos leais às convicções e aos afetos, sem paixão, mas na revelação da essência de nossa personalidade. A lealdade é o exercício da fidelidade de forma amadurecida. A pessoa leal é sempre fiel, mas a situação inversa nem sempre é verdadeira.
• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.