“Se quiseres por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”, essa frase célebre proferida por Abraham Lincoln, revela uma grande verdade. Desde o princípio da humanidade, a luta pela faculdade de exercer autoridade tem sido uma constante na história universal. Ocorre que nem todos sabem lidar com a prática do poder.
É natural no ser humano desejar ser admirado, respeitado e até temido, por outras pessoas. É isso que faz com o que o poder seja tão fascinante, a oportunidade de destacar-se, assumir posição de comando, liderar. A conquista do poder se faz de várias formas, pela força ou pela sedução. Ele estimula guerras, assassinatos, traições e armadilhas, desde que o domínio e a soberania sejam estabelecidos. Assim se comportam os que se fazem comandantes, guiados pela vaidade e egoísmo. Mas o poder pode também ser alcançado por vias democráticas, através de eleições, escolhas livres.
No entanto, qualquer que seja a maneira como foi ganho o poder, o que se observa comumente é que seus detentores mudam de personalidade quando ocupam funções de comando. A primeira postura é se achar acima do bem e do mal. Resistem a qualquer manifestação de crítica ou censura. Reagem com autoritarismo quando são contrariados. Entendem que se eternizarão como chefes. Mostram explicitamente a face da arrogância e da prepotência.
A efemeridade do poder fica imperceptível para essas pessoas. Então sem essa compreensão, o exercente de autoridade cria a falsa impressão de que nunca vai perder sua força de mando. Daí se dizer que a ressaca da embriaguez do poder é o pior incômodo que se pode viver, quando perdida a autoridade.
Achei oportuno chamar à reflexão sobre esse tema, porque estamos às vésperas de, pelo voto, colocarmos no poder aqueles que terão a responsabilidade de gerir nosso destino enquanto cidadãos. É a hora de examinarmos cuidadosamente quem tem perfil ajustado ao exercício do poder, imune aos seus encantos, de maneira que não se perceba metamorfose de comportamento e pensamento após as eleições. O mesmo poder que deslumbra, é o poder que corrompe, decepciona, frustra expectativas.
• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.