“A fonte secou”

A composição de Monsueto com Raul Moreno e Marcleo, lançada em 1954, até hoje é sucesso no carnaval. O samba “A fonte secou” é um desabafo de quem se cansou de ser usado num envolvimento amoroso e por esse motivo dá um ponto final na relação.

“Eu não sou água/Pra me tratares assim/Só na hora da sede/É que procuras por mim”. O “eu lírico” reclama de só ser procurado quando o outro sente desejos. E, magoado, diz que dessa “água” não vai mais conseguir matar a sede. Exige um tratamento diferente, de entrega total, o tempo inteiro. Rejeita um amor de momentos.

“A fonte secou/Quero dizer que entre nós/Tudo acabou”. Não existe mais clima, há uma ausência de sentimentos e de vontades recíprocas. Por isso não tem dúvidas, tudo acabou. A fonte, em que recorria para beber a água que saciava sua sede, secou.

“Teu egoísmo me libertou/Não deves mais me procurar”. No amor o egoísmo contraria o princípio da retribuição, da parceria, do companheirismo, da cumplicidade. O egoísta, só pensa em si, portanto, não ama. Ao enxergar isso conclui que conseguiu se libertar. Então manda o recado: “não me procures mais”.

“A fonte do meu amor secou/Mas os teus olhos nunca mais hão de secar”. O amor findou. Definitivamente se vê livre do compromisso e dá como resposta a certeza de que o choro de arrependimento não será seu. Não serão os seus olhos que permanecerão cheios de lágrimas num pranto de remorso.

• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.

 

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