A música “Casinha Branca” estourou como sucesso nacional em 1979, quando gravada por um dos seus autores o cantor Gilson Vieira, que em parceria com Joran, nos presenteou com essa maravilhosa canção. Foi interpretada por grandes nomes do cenário artístico brasileiro. Sua letra é uma exaltação à simplicidade como virtude, contemplando a natureza em busca da felicidade.
“Eu tenho andado tão sozinho ultimamente/que não vejo em minha frente nada que me dê prazer”. A modernidade provoca um desencanto com o que ver à sua volta. Desaparece a alegria do viver porque tudo é produção da mídia, da indústria capitalista ou dos conceitos “avançados” da contemporaneidade.
“Sinto cada vez mais longe a felicidade/vendo em minha mocidade tanto sonho a perecer”. Sonhar é próprio da juventude, mas eles correm o risco de perecerem em razão do clima de competitividade cada vez maior no mundo atual.
“As vezes saio a caminhar pela cidade/a procura de amizades/vou seguindo a multidão/mas eu me retraio olhando em cada rosto/cada um tem seu mistério, seu sofrer, sua ilusão”. Sente-se solitário no seu pensar. Distingue-se da multidão e caminha pela cidade querendo identificar semelhantes. Constata desalentado que as pessoas não mais valorizam a simplicidade natural das coisas. Retrai-se ao ver em cada rosto, insegurança, sofrimento, ilusão, porque estão pressionadas pelas cobranças de uma vida baseada em valores patrimoniais e egoístas.
“Eu queria ter na vida simplesmente/um lugar de mato verde/pra plantar e pra colher”. A declaração de amor pela natureza. Viver do que planta e do que colhe. Sem necessidade de comprar e de vender. Sem a ambição de construir grande patrimônio. Simples assim, viver em perfeita harmonia com o natural, não o artificial.
“Ter uma casinha branca de varanda/um quintal e uma janela/para vê o sol nascer”. Os autores produzem o seu final poético, potencializando o quanto é importante ter sossego, admirar as coisas belas, respirar o ar puro e viver em toda sua intensidade as emoções que só a natureza pode nos proporcionar.
• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.