O Brasil, a fala de Cássio, o privilégio pró SP e o NE apunhalado

{arquivo}Enquanto os olhos da sociedade brasileira se voltaram para o acompanhamento das manifestações de rua em protestos contra descasos e serviços desqualificados, nesta terça-feira o Senado abrigou um debate inteiramente desapercebido do País, sobretudo dos estados nordestinos mas que, a aprovação do projeto de distribuição do FPE (Fundo de Participação dos Estados) da forma posta simplesmente afundará de vez a estrutura de sobrevivência de quem mais precisa – os estados mais pobres da Nação, em detrimento dos estados ricos, como São Paulo e Minas, beneficiados pela cultura de estimulo às desigualdades regionais.

Em tempo: estados como a Paraiba têm no FPE algo em torno de 50% de sua receita para fazer frente aos compromissos e obrigações, enquanto os mais ricos, a exemplo de São Paulo, o percentual de influencia desse Fundo é algo em torno de 10% porque lá a economia dispõe de outros mecanismo para, via impostos, fomentar o desenvolvimento estadual/Sudeste. Mesmo assim, o Senado se dispôs a aventar a possibilidade de manter essa desproporção e acinte contra os interesses de integração nacional e redução das desigualdades regionais punindo os estados mais pobres.

Esta é a essência e tônica do discurso contundente proferido pelo senador Cássio Cunha Lima insurgindo-se contra a articulação dos estados do Sudeste , Sul mais alguns do Norte – em face da Zona Franca – para aprovar a nova forma de partilha do FPE no qual estados de economia pequena, mais uma vez lembrando a Paraiba, Rio Grande do Norte e até outros mais fortes como Pernambuco perdem recursos do FPE para ampliar o caixa de São Paulo, Minas, etc.

Cássio foi na ferida, mesmo antes precisando contextualizar seu discurso com a realidade das ruas onde, para ele, o Senado precisa refletir de forma serena e severa os recados dados pelos manifestantes porque são questões de fundo na busca de superar desigualdades e modelos ultrapassados de Poder, a exemplo da isonomia de tratamento e condições para o Nordeste, que os estudantes cada vez mais apoiados outras gerações buscam exigir soluções dos políticos e de quem exerce a condução do Poder.

É a desproporção econômica e social entre Estados como Paraíba e São Paulo – cuja comparação pode envolver outros , levaram Cássio a insistir na imperiosa necessidade de se evitar que os entes federados menores mantenham a ampliação dos recursos dos mais ricos, como sentencia a proposta no Senado Federal.

– Se absurdos desproporcionais como este se mantiverem, este pais vai explodir porque é inadmissível que se retirem recursos da Paraíba para entregar a São Paulo e Minas, uma vez que é inaceitável ver estados do Nordeste como Pernambuco perdendo recursos do FPE para São Paulo – insistiu.

Embasado em números e estatísticas, a defesa pró Nordeste promovida pelo senador paraibano merece acompanhamento ainda via Youtube ou mesmo o site do Senado ou de Cássio porque traduz a altivez e visão profunda, segundo a qual o crescimento do Brasil passa pela valorização de São Paulo mas, sobretudo, pela inclusão de melhores formas de distribuição de renda e condições econômicas reduzindo as desigualdades gerando a oportunidade do Nordeste crescer.

É em face do “status quo” sempre favorecendo os estados mais ricos que, mesmo com o Boom e a fama de região com maiores índices de crescimento, o PIB (riqueza dos nove Estados) não passa de 13% – algo absurdo e inadmissível. Tem que reagir, peitar no debate sereno, os representantes dos Estados para que atendam às necessidades de oferta e crescimento para todos, sobretudo os que mais precisam, e não só e apenas os poderosos.

Para o senador, os gritos roucos das ruas também podem abrigar lutas e assuntos como do FPE, ICMS, etc na condição de conjuntura para fazer o Pais se desenvolver com justiça social.

FOSSO ECONÔMICO VEM DESDE 1808

Os compêndios e dados mostram que foi a transferência da Familia Real para o Rio de Janeiro em 1808, quando aqui chegou sem se afinar com Salvador – então Capital do Pais, o fator a gerar daí em diante o fosso econômico entre o Nordeste e o Sudeste/Sul.

Para se ter uma idéia, até antes desta chegada Recife era o grande pólo de desenvolvimento em face da cana-de-açúcar, tanto que teve o primeiro transporte férreo coletivo do Brasil, antes mesmo de São Paulo porque à época tinha economia pujante e maior.

Com a chegada da Familia Real no Rio tudo se concentrou por lá, ou seja, os grandes investimentos da Coroa até chegar a política industrial no inicio dos anos 1900 quando a Revolução Industrial na Inglaterra forçou o Brasil a montar seu parque com um detalhe decisivo e contra o Nordeste: 80% ficou no Sudeste, com 44% em São Paulo.

Daí em diante a desigualdade só aguçou.

ULTIMA

“Mas renova-se a esperança
Nova aurora, cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor flor o o e fruto…”

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