IDEOLOGIA DO PESSIMISMO

Não dá para entender o conteúdo acre e obstinadamente negativista de algumas análises sobre o Brasil atual e suas perspectivas futuras. Argumenta-se que, nos últimos dez anos, a má gestão do Governo sobre a economia impediu o País de conquistar níveis superiores de desenvolvimento. Esse ideário tem pretensões teórico-científicas, mas, objetiva e claramente, integra um discurso político de oposição, na luta pelo poder.

 O sucesso econômico do Brasil, de 2003 para cá, é indiscutível. No final deste ano, o seu PIB da ordem de U$ 2,8 bilhões deverá ser a quinto maior do mundo; em 2002 era o décimo segundo. A economia nacional superará, assim, as do Canadá, Espanha, Itália, Inglaterra e França. Esses países, sim, e muitos outros da Europa, vivem uma longa fase de perda status e vitalidade econômica e desestruturação produtiva. 

 Não faz sentido ser arauto do caos e da fragilidade econômica, em meio à prosperidade. Fala-se dos perigos que rondam o Brasil, diante do déficit público de 2,6% do PIB, da dívida pública bruta de 63% do PIB e do déficit do balanço de pagamentos de 2,7% do PIB. O que dizer dos países desenvolvidos da Europa, onde esses indicadores econômicos são, realmente, precários? E dos Estados Unidos, cujo déficit público é de mais de 7% PIB, a dívida pública bruta mais de 100% do PIB e o déficit do balanço de pagamento em torno de 3,5% do PIB?

 Um dos feitos relevantes do Brasil, na última década, foi o grande avanço no combate à pobreza absoluta. Não é razoável conceber esse marco histórico contra o atraso como um suposto desperdício ou mau uso dos recursos públicos. É preciso deixar claro que essa foi uma opção da sociedade brasileira, através de suas instituições legislativas, jurídicas e executivas. Sem essa prática redistributiva de renda, a economia brasileira poderia até ter tido crescido mais, mas com menos desenvolvimento.

Nesse modo brasileiro de ser, houve um largo benefício social e o correspondente custo. O País venceu uma importante etapa na luta contra a miséria disseminada e em favor da expansão do seu mercado interno. As finanças do Governo já assimilaram os impactos dessa ação, sem grandes adversidades. Daqui para frente, o aprimoramento e adequação dessa rede de proteção e promoção socioeconômica terá um custo relativamente muito menor.

Em relação ao Brasil de hoje, como negar que tornamo-nos um país economicamente importante, no contexto mundial? A ideologia do “coitadorismo”, não faz mais o menor sentido e, certamente, não gerará dividendos político-eleitorais. É um erro absurdo apostar na volta da inflação acima da meta, na desorganização das finanças públicas e das contas externas, na recessão e no alto desemprego. O povo não concorda com nada disso, nem com as pessoas que apregoam a ideologia do caos.
 

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