Gonzaga, o esteriótipo nordestino e as dores de hoje

{arquivo}Quem ainda não se dispôs a ver a nova produção fantástica da Conspirações Filmes sobre a vida e obra de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, que o faça enquanto estiver em cartaz nos cinemas da cidade porque é a abordagem cinematográfica perfeita em que mistura as ações em vida do mito Gonzagão e seu filho de fama, também sob uma costura humana expondo as dificuldades tantas dos dois famosos em meio a um contexto em que o Nordeste termina tendo o foco fechado na tristeza do Sertão.

A obra e vida dos dois artistas por si só já enfeixam o deslumbramento da superação de pessoas comuns transformadas em referência a partir do dom divino de construir novidades melódicas como a representar gerações e gerações envolvidas com esperanças, desencantos e realidade dura, a exemplo do que significou a vida de Gonzaga e Gonzaguinha.

O drama de tudo perpassa pela crise da família, sobretudo de quem como noviço no grande centro experimenta preconceitos, dificuldades de sobrevivência até descobrir o eixo central de sua atividade artística na essência de sua raiz, o sertão de Exu, transferida para as canções recheadas de apoios de amigos encontrados no caminho (Humberto Teixeira é um deles) até construir o Mito do Rei do Baião, na verdade o porta-voz dos retirantes advindos do Nordeste.

Independentemente da narrativa e da atuação dos atores ( alô alô Nanego Lira) em nível harmonizado este componente Nordestino chama a atenção porque ele expôs na prática as argumentações para a imposição no imaginário de quem vive no Sudeste (ainda hoje é assim) de construir a imagem do sertão sofrido – e em muito ele é – não sabendo distinguir que o Nordeste tem solidariedade a essa dor semi-árida mas é um muito maior do que a adversidade climática porque sua faixa Litorânea tem desenvolvimento em nível do que se pratica e tem no Sudeste.

Gonzaga, portanto, diferentemente de Gonzaguinha – mais urbanamente formado na contestação do Sistema – é a expressão máxima, e o filme mostra esse encantamento do artista com a grande platéia nordestina, a interpretar sofrimentos e desejos somente compreendidos por quem se dispõe a conviver com a adversidade de retirante de sua terra esturricada pelo sol, que é fonte de energia, mas até hoje o Brasil não sou tirar a dor do semi-árido que o artista tão bem representou.

A rigor, a base primeira de Gonzaga não foi o forró, nas suas variantes entre xote, baixão, etc, posto que incentivado pelos anos de ouro do rádio até os anos 50 sua base primeira no campo da música enveredou por outros ritmos, sob influencia então do tango, samba e outros ritmos.

Mas, mais do que esteriótipos, o filme expõe o drama da convivência difícil entre pai e filho superado no final da vida entre eles sob a abordagem sincera entre eles dos dramas e conflitos que precisaram ser enfrentados para construir um tempo de harmonia entre esses dois grandes talentos da Música Brasileira.

Quem não foi ainda, que corra porque é um ensinamento concreto sobre as relações entre pai e filho e uma exposição fenomenal de que, faz tempo, o Cinema Brasileiro não deixa nada a dever a outros grandes centros cinematográficos.

O filme é a oportunidade de mergulhar num pranto de verdade a merecer aplausos pelo conjunto da obra.


Fantástico!

ACORDA FLOR

Flor, no outono as folhas vão cair,

Na primavera vai surgir/

O amor da gente a renascer/

Olha/ se hoje o céu é tão anil/

Se é primavera, flores mil/

Renascerão nos corações…”

 

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