A alienação eleitoral

O segundo turno das eleições municipais deste ano revelou uma abstenção bastante elevada de participação, 19,11 %, percentual só superado pelo resultado do pleito de 1996, 19,4 %, quando o país experimentou a sua primeira eleição totalmente informatizada. O número preocupou a presidenta do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Cármem Lúcia, que afirmou “toda abstenção não é boa porque significa que a representatividade pode ser questionada”.

Para melhor entender o conceito do que seja “abstenção eleitoral” fui pesquisar junto a Wikipédia – a enciclopédia livre, na internet, e encontrei a seguinte definição: “Em Política, abstenção é o ato de se negar ou se eximir de fazer opções politicas. Abster-se do processo politico é visto como unma forma de participação passiva. Também importante referir que a abstenção eleitoral é uma atitude aceita pelos anarquistas e muitas vezes condenada pelos democratas”.

Ao se ausentar do processo eleitoral o cidadão se aliena e põe em xeque a legitimidade das instituições democráticas, a partir da compreensão de que o voto é o melhor instrumento de exercício e fortalecimento da democracia.

O direito ao voto foi uma conquista que resultou de muitas lutas ao longo da História. Daí porque esse absenteísmo eleitoral que se verificou nas últimas eleições merece ter suas causas analisadas, para que não tenhamos prejudicado esse dever politico tão importante para a prática da cidadania.

Enquanto essa abstenção se verifica nas camadas menos politizadas, ainda pode ser compreendida. No entanto, é inaceitável quando personalidades públicas, que se tornaram políticos através da outorga de mandatos obtidos pelo sufrágio eleitoral, se negam a exercer sua cidadania de forma presencial na manifestação de sua vontade no pleito.
Fico a imaginar a dificuldade desses agentes políticos, num futuro próximo, em postular dos eleitores que compareçam às urnas para novamente elege-los. Quem não dá o exemplo não pode cobrar o comprometimento com o civismo que caracteriza o processo eleitoral.

Concordo com a presidenta do TSE quando revela sua preocupação com o elevado índice de abstenção, mas me preocupa muito mais ver que essa ausência na eleição parte também de lideranças que fazem da política o seu ofício e que, por isso mesmo, deveriam ser os primeiros a demonstrarem para a sociedade o quanto é importante votar.
 

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