Agosto/1968: O protesto contra as anuidades escolares

Na mesma data em que as forças militares invadiam o campus da Universidade de Brasília, os universitários e secundaristas de João Pessoa voltavam às ruas. Dessa vez para exigirem a extinção total das anuidades pelo Conselho Universitário, conseqüência da política educacional do governo, orientada pelo convênio Mec/Usaid, que pretendia transformar as universidades públicas em fundações privadas. Reivindicavam também a revogação das prisões preventivas decretadas contra o movimento estudantil.

Na véspera os líderes da UEEP e do DCE, distribuíram panfletos na cidade, em que informavam à opinião pública que “serão denunciados em praça pública os planos de repressão nacional que, neste momento, procuram efetivar novas prisões, visando impedir pela força as reivindicações autênticas dos estudantes em luta. Repudiaremos firmemente estas formas de opressão e intensificaremos o nível de mobilização na medida em que os órgãos repressores persistirem nessa atitude contra os estudantes e o povo brasileiro. A luta contra as anuidades nos ofereceu vitórias parciais que devemos transformar numa vitória definitiva – extinção total das anuidades pelo Conselho Universitário. Isto só poderá ser concretizado através de pressão exercida sobre a Reitoria. Mais uma vez defenderemos as nossas posições de completo repúdio à tentativa de transformação das universidades em fundações privadas”.

Os estudantes concentraram-se diante do prédio da Reitoria da UFPb, na avenida Getúlio Vargas, a partir das nove horas da manhã do dia vinte e nove de agosto. Temendo que invadissem o prédio da Reitoria, os dirigentes da universidade cerraram suas portas. Naquele momento, no oitavo andar, realizava-se uma solenidade de assinatura de um convênio firmado entre o DNPM – Departamento Nacional de Pesquisas Minerais e a Politécnica de Campina Grande, testemunhado pelo Governador João Agripino, o reitor em exercício, professor Serafim Martinez, e o Ministro de Minas e Energia, Costa Cavalcante. Encerrado o evento os manifestantes abriram passagem, sem incidentes, ao Ministro e o Governador, gritando palavras de ordem.

Decidiram então marchar em passeata até o Ponto de Cem Réis, improvisando comício relâmpago no Restaurante Universitário da Lagoa. Reiniciavam a marcha em direção ao centro da cidade, quando dois contingentes da Polícia Militar, portando metralhadoras, fuzis, cassetetes e escudos blindados cercaram todo o perímetro urbano do Parque Solon de Lucena, objetivando impedir que os estudantes prosseguissem na caminhada.

Impossibilitados de se encaminharem para o Ponto de Cem Réis os universitários e secundaristas resolveram retornar ao Restaurante Universitário, encerrando assim o ato público, que, inicialmente, estava programado para ser apenas uma concentração em frente da Reitoria e se transformou numa passeata.

• Esse texto faz parte da série COMO A PARAIBA VIVEU O ANO DE 1968
• Comentários e informações adicionais devem ser encaminhados para o email: iurleitao@hotmail.com

 

 

 

 

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