{arquivo}O Secretário de Cultura do Estado, Chico César, vive a fase de maior desconforto político – administrativo de toda a sua vida. Embora concebido como pessoa da intimidade do governador Ricardo Coutinho, nos últimos dias essa condição anda comprometida porque os dois não desfrutam mais da mesma harmonia que fez o artista se propor a ser gestor do meio em que ele pontifica.
Há uma crise instalada e sem condições de superação a curto prazo porque a insatisfação tomou conta da engrenagem em torno de Chico – nem quero aqui mencionar as diversas manifestações e habilitações culturais, na maioria também insatisfeita -, porque gente de influencia política como o vice-governador Rômulo Gouveia, o senador Cássio Cunha Lima e diversos outros atores políticos não querem nem mais ver o Secretário.
Na prática, significa dizer que já no décimo terceiro mês de mandato a área cultural ainda não disse a que veio. Sequer manter projetos básicos, a exemplo do FIC (esteio de fomento à produção), os Festivais (Artes, Areia, etc), o apoiamento ao Carnaval, São João, Folia de Rua, etc, sequer isso ele tem conseguido. Por uma razão simples: o Secretário pra valer é o governador, como acontece em todas as demais secretarias, e este já não agüenta a falta de projetos ousados como prometia na condição de candidato e xodó da Cultura, hoje na condição inversa.
Nem quero aqui mencionar como parâmetro o que acontece em Recife, Salvador, Fortaleza, entretanto, tomando como base os dois últimos governos dá para atestar que na área cultural o atual Governo perde feio em consistência e volume. A fase Cássio, por exemplo, gera até saudade porque muito dos problemas tomaram rumo (alô alô Cida Lobo), a exemplo da criação do FIC, a solução para Sinfônica, o impulso enorme dado ao Artesanato (hoje jogado às tralhas), etc.
Mas, voltando à baila atual, desde quando chegou à Prefeitura de João Pessoa imbuído de comandar as políticas culturais da cidade já ali havia um entendimento de que Chico, enfim, resolveria gargalos antigos, encerraria a fase de processos em desconstrução e descontinuidade e iniciaria uma nota etapa de inclusão como modelo de gestão.
Até ensaiou vínculos com a cultura popular – ainda influenciado pelo que significou o movimento Fala Bairros fruto da inquietude do Jaguaribe Carne (leia-se Pedro Osmar, quando era indispensável sua guerrilha hoje guardada nas gavetas oficiais), entretanto, a condição de estar na PMJP já em campanha para o Governo do Estado aguçou a incapacidade de Chico César de atrair mais gente para o processo cultural passando então a agir como militante ideológico desalojando a todos que não seguissem a cartilha de um Imperador de um tal Coletivo.
Se reparar bem, Chico foi um grande promoter através da série de shows e eventos produzidos no Ponto de Cem Réis e na beira-mar de Tambaú, mas sem dialogo com a maioria dos artistas das diversas áreas, exceto os que se submeteram às migalhas de ajuda muito aquém da decência transformando a sua gestão na Cultura num processo de ilhamento. Sequer conseguiu pagar aos artistas da terra o Mínimo de um cachê decente, proporcionalmente ao que fez com os demais vindos de fora, vários deles amigos de parcerias.
Pior: artistas, antes amigos seus, como Vital Farias, Fuba, Renata Arruda, Pinto do Acordeon, etc têm sido tratados como leprosos, porque até hoje o Governo não entende nada do que significa sentimento republicano e não perdoa quem tem opinião diferente. Até Sivuca foi golpeado pós morte. O Memorial com dinheiro aprovado pelo MINC, projeto arquitetônico pronto, tudo resolvido, foi recusado pelo Secretário e o Governo RC devendo no céu estar deixando o genial musicista de Itabaiana com pena, desgosto e lamento.
A dados de hoje, são muitos os agentes políticos de estatura maior, assim como inumeras entidades, artistas, já não querem mais saber de dialogo com o exímio artista chamado Chico César porque, passado todo o tempo, ele não tem conseguido se afirmar como gestor cultural, na proporção que tem merecido enquanto autor e ator dos palcos. Lhe falta capacidade de articulação, domínio administrativo – financeiro e ousadia para inovar, gerar economia criativa através das artes.
Possa ser que, de veneta, o governador decida volta atrás e venha a mantê-lo no comando da Cultura mas diante da performance de hoje os dois patinam e são decepção imensa aos Cults e aos apreciadores das artes da Paraíba.
E é preciso resolver.
UMAS & OUTRAS
…Os próximos dias devem registrar na UFPB medidas administrativas que vão interferir no processo sucessório. Voltaremos ao assunto.
…A propósito da eleição na Universidade Federal, ninguém ainda ouviu a voz de Cida Ramos no tocante ao apoiamento à candidatura de Margareth Diniz. Por que será?
…A eleição no PT de João Pessoa atrai a atenção durante toda a semana. O partido vive novamente uma fase histórica e de envolvimento da militância como não se via há anos. É a tese da candidatura própria se sobrepondo à tese cartorial de aliança com o PSB. Quem viver, verá.
…A propósito do PT, fui ver o pré-lançamento da candidatura de Eliezer Gomes, primeiro presidente do partido e um personagem de lutas a lhe credenciar nesse projeto de representação popular. Me impressionou o tamanho e nível de empolgação de seus aliados. Tem chances.
…Wilson Santiago vai dar dor-de-cabeça ao senador Cássio. Possa ser que já nesta semana haja novidades.
…Nilda Gondim retoma a Câmara Federal na próxima semana.
…O advogado Paulo Barreto toma posse nesta terça-feira como assessor especial do Ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro.
ÚLTIMA
“Se meu é canto é persistente/ irritante/
A porta é logo mais adiante…”