A virada de ano em João Pessoa, em termos de tom musical insistido pelo Governo, deu bem o sentido de como anda a política cultural da cidade e do Estado no quesito oferta artística e as relações com a sociedade de um modo geral.
Eis que, como prometido, lá estavam no palco do Busto de Tamandaré duas figuras excepcionais da música brasileira: Antonio Nóbrega e Rita Lee. Uma beleza de gente capaz mas que, no meu modesto entendimento, eram pessoas certas no lugar errado.
O clima de Reveillon comumente enseja combinar o interesse público com a animação geral do ambiente abrigando todas as gerações e tribos – e não apenas o público letrado, engajado, ideologizado da minha geração, porque essa tipificação é descabida, inconseqüente e em nada atende ao gosto contemporâneo da grande maioria.
Para entender bem o que agora digo, tomo como exemplo bem resolvido o caso de Fortaleza, onde a Prefeitura preferiu agradar a todos os gostos ofertando opções nos diversos níveis.
Como? Simples. Logo cedo colocou em palco os Titãs, mais na frente a candura e força de Fagner concluindo a noitada com Ivete Sangalo levando 1 milhão e 200 mil pessoas à loucura permitida na virada do ano.
É isso que faz a diferença quando não se aplica a Censura, a Proibição como marca de políticas culturais, porque o tempo moderno não admite restrições, impedimentos como se pratica de forma insistente aqui deixando as novas gerações sem alternativa real ofertada pelo Poder Público. Por isso mesmo, invadem os espaços tomados por multidões de jovens em outras áreas do litoral pessoense.
Particularmente, comungo com o respeito a ser garantido aos segmentos da música, hoje fora das Paradas de sucesso, até porque pelo valor acumulado precisam estar contemplados na programação bancada pelo dinheiro público, mas daí impedir, proibir outros gêneros musicais atacados e tipificados como lixo é assumir a contra-mão porque há vida inteligente fora do circuito da proibição.
Abaixo a discriminação!
Cadê Vital, Fuba e Renata
Os primeiros dias de janeiro chegam com o registro no meu quengo de que a Nova Ordem resolveu deletar da programação musical muitos dos nossos talentos de reconhecimento nacional.
Para não teorizar demais, me vem à mente de imediato Vital Farias, Renata Arruda e Fuba – todos residindo em João Pessoa por opção de vida, mas alijados completamente da programação musical do Governo e Prefeitura da Capital.
Bom, isso foi até ontem. Vamos aguardar e atestar se esta discriminação absurda continuará como referência de política cultural.
O samba é uma boa
Para não dizer que não falei de flores, é preciso admitir que a Prefeitura acertou em cheio ao abrigar a sugestão qualificada de Fernando Moura com o chorinho, o samba, na Praça Rio Branco, aos sábados.
Armandinho, Lecy Brandão, etc por lá explicam e geram aplausos por uma opção qualitativa sem ranços nem proibições. Mesmo assim, ainda vou ver mais Mirandinha e outros grupos de samba locais ainda não inseridos no gosto da produção.
ÚLTIMA
“Desculpe o Auê/ eu não queria magoar você…”