A mídia, a crise e os exemplos

{arquivo}O processo democrático nas sociedades modernas não consegue estancar a existência localizada, ali ou acolá, de crises pontuais na relação entre Governos e veículos de comunicação, em muitos dos casos agravados por excesso de valor emocional de partes provocando leituras de todas as ordens e potencializando situações inimagináveis.

É o que se dá neste momento entre os Governos Ricardo Coutinho e Luciano Agra com a Rede Paraíba de Comunicação adicionado nesta sexta-feira de nota do Partido Socialista Brasileiro (PSB) da Paraíba veiculada no Jornal Correio da Paraíba, na qual fica evidente uma espécie de grito de guerra.

A reação do agrupamento político liderado pelo governador Ricardo Coutinho resolveu ir para o confronto argumentando que os veículos da Rede Paraíba assumiram postura de Oposição aos governos pela veiculação continuada de problemas registrados nas duas administrações. Adicionam como fator preponderante a presença de profissionais de comunicação (especificamente Gutemberg Cardoso, Nilvan Ferreira e Marcelo José) como teleguiados ao confronto com os dois governos. Não bem isso, mas assim é tratado.

Mas esta não é a premissa, muito menos o contra-argumento da Rede Paraíba mais interessada em disputar para vencer a concorrência no rádio e no impresso, especialmente com o Sistema Correio, já que na mídia eletrônica (TV), os veículos de sinal Globo são lideres de audiência, exceto em poucos horários.

A rigor, o tempero da disputa entre Rede Paraiba e Sistema Correio vai além da disputa em si porque há confronto de métodos e posições levando em conta ainda o fato de que o alinhamento do Correio com o Governo ao que parece acabou desalojando a possibilidade de um relacionamento mais próximo entre o grupo Paraíba e o Governo.

O estopim da crise, entretanto, se deu com a veiculação das denuncias de má qualidade da merenda escolar na rede de escolas de João Pessoa, algo que irritou profundamente o staff Ricardo, que trata a composição e/ou relacionamento institucional envolvendo também a Prefeitura (leia-se o prefeito Luciano Agra) numa pacote só, dada a origem e significado do chefe do executivo municipal como parte de uma super-estrutura política liderada por Ricardo Coutinho, até porque Luciano não tem autonomia para nada.

O danado é que, por incrível que pareça, a Rede Paraíba não teve nenhuma ingerência na produção da matéria do “Fantástico”, nem há por parte do empresário Eduardo Carlos nenhuma pretensão de partidarizar as relações, embora esta seja a interpretação e conduta dada pelo grupo de Ricardo, porque não entende jornalismo como acinte político de nenhuma relação.

Este é um cenário, volta e meia registrado na cena nacional, na Paraíba e em outras aldeias, porque muitas das relações entre Governos e veículos são condicionadas a atrelamentos e/ou represamento / monitoramento no trato das noticias, portanto, quando isso deixa de acontecer há de pronto o entendimento de rebeldia ou contestação ao “status quo” produzindo crises como se desenha e registra.

O fato é que as partes perdem relativamente por deixar de existir temporariamente relacionamento mínimo dentro da civilidade possível e “ganham”, mesmo sem serem atores principais do contexto, o Sistema Correio e a Oposição como beneficiados por tabela da crise.

Independentemente de juízo de valor, a história mostra ser sempre recomendável perceber que Governo que briga com a Imprensa costumeiramente não sai vencendo, porque tem fator tempo no processo a testar a manutenção ou não de quem está no poder quando, comumente, as empresas privadas têm mais longevidade.

O exemplo de Dilma

Ninguém, enquanto lider politico, pode se queixar de maus tratos da Imprensa quanto a ex-candidata e atual Presidenta da República, Dilma Rousseff. Poucos sofreram tamanha campanha violenta contra a sua própria moral.

A grande midia foi impiedosa, desumana e inconsequente, sem falar na Internet – onde também se aloja muito lixo.

Pois bem, passada a campanha Dilma já em discurso profetizou o que está fazendo, ou seja, convivendo com todos os veiculos – mesmo os atrozes de campanha, condição essa onde a Rede Paraiba não se enquadra.

O passado recente

Fruto de crise pessoal grave, o ex-governador Cássio e o Sistema Correio travaram a mais forte iria de relacionamento com juras de morte (desculpe-me pelo excesso de trato).

Nunca as partes sofreram tanto. Durante uma fase ainda tiveram uma trégua, depois voltou tudo com o processo da FAC que, sem o Correio, penso a coisa nao chegaria onde chegou.

Pois bem, depois de tanta crise Cássio e o Correio fizeram as pazes. Só o passado é que não apaga o estrago irrecuperável pela falta de diálogo.

Um pouco de história

Quando Fernando Collor assumiu a Presidência da República ascendeu com ele a República de Alagoas. Um dos homens mais fortes do Brasil chamava-se Cláudio Vieira, Secretário Geral da Presidência. Pense num cabra danado de influente!!

Pois bem, a Rede Globo começou a veicular noticias contra o CAIC – invenção muito positiva de Leonel Brizola, melhor dizendo de Darci Ribeiro.

Foi o suficiente para Cláudio Vieira endurecer o tom e declarar: vamos acabar com a Globo privilegiando o SBT.

A sorte de Collor é que próximo dele tinha um sujeito de talento incomum chamado Lafaiete Coutinho. Foi este paraibano de valor universal o responsável pela não antecipação do que se conhece na história do País.

ÚLTIMA

“Mas tudo passa/ tudo passará…”

(Versão de Nelson Ned)

 

 

 

 

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