César Maia e o TNM eleitoral da Paraíba




No mundo do debate macro sobre o mundo, inclusive eleitoral, tem um sujeito de nome César Maia, a propósito ex-prefeito do Rio de Janeiro, que consegue atrair atenção nos seus escritos pela densidade com que aborda os vários temas. Um deles,  o que enfocamos neste momento, trata do que no universo das pesquisas eleitorais chama – se de ‘Território Não Mapeado” a envolver uma parcela do eleitorado que não se manifesta sobre sua intenção de voto antes da eleição propriamente dita.

É esse universo que em alguns processos muda ou não o rumo das eleições onde entre os nomes lançados constata-se a existência do chamado elemento novo entre as opções de candidatos. Isto, por exemplo, acontece hoje nas eleições da Colômbia e Grã-Bretanha.

Entendamos o que diz César Maia: “Algumas vezes um candidato que fale para um TNM e cresça em pesquisas pode, por uma performance medíocre em campanha, perder o que havia ganhado. Em outras sustenta essa interação, e em algumas vence”.

Isso é tão forte, que pegando ainda a análise de César Maia – um dos mellhores esteios ideológicos do DEM – argumenta: “Na eleição presidencial do Brasil este ano, a probabilidade de existir um TNM é quase nula. A sobre-exposição de Marina à imprensa desde o seu lançamento, seu acesso aos programas e comerciais partidários do PV e a rotina do tema que lhe dá lastro, nesses últimos anos, permite afirmar que ela não mobilizará um TNM, se existente. Se existia no Brasil, provavelmente Lula já ocupou esse TNM e estará certo ao tentar não inovar o discurso de Dilma e apenas tentar a colagem”.

Por esse prisma, Cícero Lucena não altera em absoluta nada na Paraiba, embora seu recall possa ajudar a candidatura de Maranhão em face da relutância do senador em apoiar Ricardo Coutinho  – ao contrário trabalha contra o ex-prefeito -, além do mais o TNM famoso parece não transformar RC na novidade da Colômbia ou Grã-Bretanha porque se afastou do projeto “novo” ao aliar-se a antigos personagens da política.

Tudo isto sem citar a condição de vida das pessoas, o estado de satisfação em que elas se encontram para não optar por mudanças radicais na condução de Governos.

 LEIAMOS O ARTIGO DE CÉSAR MAIA

OUTSIDERS EM ELEIÇÕES, OU UM TERRITÓRIO NÃO MAPEADO!
               

1. “Estamos em um território não mapeado”, disse John Curtice, professor de política na Universidade Strathclyde, em Glasgow, ao “International Herald Tribune”. “Nunca tivemos esse tipo de pesquisa durante uma campanha eleitoral. Nunca houve tal ascensão dos liberais-democratas.” (NYT-FSP, 26)
                
2. “Territórios não mapeados” são faixas do eleitorado que as pesquisas não conseguem detectar antes que a própria campanha eleitoral relacione estes “territórios não mapeados” (TNM) com um candidato cuja imagem corresponda às expectativas dos eleitores destes segmentos, sejam eles contínuos ou descontínuos.
                
3. A existência de um “TNM” não garante que esse vá se expressar numa certa eleição. Depende da existência de um candidato que corresponda àquelas expectativas dos eleitores. Em uma eleição em que não surja esse candidato, o TNM pode ter que decidir entre os demais ou mesmo se abster ou anular o voto. Portanto, só se vai saber da existência de um TNM quando surgir esse candidato.
                
4. Isso está ocorrendo simultaneamente neste momento na Grã-Bretanha e na Colômbia, com candidatos outsiders a primeiro-ministro/presidente de perfis muito diferentes, mas que correspondem a expectativas que os candidatos inicialmente mais competitivos não alcançam. Algumas vezes um candidato que fale para um TNM e cresça em pesquisas pode, por uma performance medíocre em campanha, perder o que havia ganhado. Em outras sustenta essa interação, e em algumas vence.
                
5. Chávez, ao meio de uma crise econômica, foi identificado por um TNM e saiu de uma intenção de voto mínima para alcançar o segundo turno e vencer as eleições. Com Fujimori ocorreu o mesmo. Com Collor ocorreu o mesmo. O TNM pode ser pesquisado com perguntas que sejam capazes de identificar sinais de sua existência, e que comunicação e personagem poderiam identificar-se com ele.  
                
6. Na eleição presidencial do Brasil este ano, a probabilidade de existir um TNM é quase nula. A sobre-exposição de Marina à imprensa desde o seu lançamento, seu acesso aos programas e comerciais partidários do PV e a rotina do tema que lhe dá lastro, nesses últimos anos, permite afirmar que ela não mobilizará um TNM, se existente. Se existia no Brasil, provavelmente Lula já ocupou esse TNM e estará certo ao tentar não inovar o discurso de Dilma e apenas tentar a colagem.
                
7. No painel dos demais micro-candidatos a probabilidade poderia até existir. Mas estes são invisíveis na cobertura da imprensa e seus tempos de TV a partir de 15 de agosto são mínimos. Portanto, o que cabe esperar é pela polarização cada vez maior da eleição entre Serra e Dilma sem que qualquer surpresa surja em 2010, além da possibilidade da eleição terminar no primeiro turno.  

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