Não, não me refiro ao debate pontual, local e extemporâneo, que até luz criou onde não se imaginava. O olhar que me vem à vista neste momento de reflexão é a constatação de que ainda falta muita para a negritude existir entre nós com decência plena e igualdade genética e etnicamente.
Somos um discurso bacana, complacente e educado, mas a realidade nua e crua, como pensavam meus ancestrais no bairro da Torre, mostram claramente uma dicotomia entre o desejo e a crueza do cotidiano.
Está evidente que a comunidade negra em João Pessoa, como de sorte ainda na maioria do Estado, no Nordeste e no pais inteiro vive um estágio crescente na melhoria de sua auto estima, de seu reposicionamento na sociedade como um todo, mas ainda falta muito o que fazer.
Olho para os governos de Cássio, Ricardo e Veneziano, por exemplo, e enxergo quantidade aquém de representantes dos negros em suas mais importantes funções. Se for mais duro, direi: inexiste um secretário de alta patente hoje a ocupar comando especial numa dessas administrações.
Falo (escrevo) assim desprovido de ranço ou qualquer sentimento de revolta. Muito pelo contrário, porque sei da existência pontual de um negro ali ou acolá, sobretudo na Cultura, embora sem o poder de mando que um bem virá.
Devo, sem necessidades de excusas, lembrar apenas que nossos lideres brancos, mestiços ou pardos já convivem de outra forma com a negritude, contudo, insisto que é preciso fazer muito mais do que festa para mostrar requebrado da morena gostosa ou a rigidez corporal do negro atraidor de brancas nada disso.
Queremos mais escolas, saúde permanente, formas de crescimento intelectual, ou seja, apenas dignidade para um dia vir, quem sabe, ser o gestor maior da cidade, do estado, do pais até por ser maioria no sofrimento histórico.
Avante!