Cultura: o debate que não constrói

Faz já algum tempo, isto é, desde quando da eleição para o Governo no Estado, recentemente, que alguns nomes de expressão da Cultura paraibana se engalfinham, via Internet, produzindo o mais infrutífero dos debates em meio à acusação solerte no campo individual tendo como pano – de – fundo a opção política ( mesmo legitima) feita por alguns artistas.

Objetivando a questão, a sessão de ataques e defesas começou exatamente porque alguns produtores e artistas, todos reconhecidos, optaram por apoiar publicamente, tanto que se apresentaram num VT gravado para o Horário Eleitoral, a candidatura do governador Cássio Cunha Lima expondo uma preferência, como já disse, legítima como tal.

A partir daí, artistas e renomados intelectuais como Elpídio Navarro e mais recentemente Pedro Osmar – que optaram na campanha pela candidatura do senador José Maranhão – ‘caíram de pau’ detonando artistas como Buda Lira, Beto Brito – as genais meninas do Clã Brasil, etc.

Leve-se em conta que os dois e os tantos que geraram a mesma alternativa de Osmar – também fizeram a opção absolutamente normal porquanto decisão unilateral respeitada.

A tese mais nova em questão, entretanto, é de que a opção política servira de troca de favores. De cara, sinceramente, compreendo mas não me acostumo nunca em atestar a pequenez com que tratamos o debate da atividade cultural na Paraíba.

Está evidente que o conceito gerado em torno da questão e dos artistas mencionados é obtuso, irreal e rancoroso porque não reconhece o trabalho e a legitimidade que cada um tem de optar politicamente onde for e, pior, nem de longe entra na questão de fundo sobre políticas culturais no Estado – essas, nunca levadas a sério nos debates porque precisam gerar criticas à quem de direito e poucos têm a coragem de assumir essa postura.

Se reparar direito (repito), faz tempo ninguém senta civilizadamente para reunir todas as tribos buscando construir projetos reais de interesse coletivo, exceto através de grupos, apenas, porque não há mais tolerância de encarar o debate em favor do público – e sim de interesses setorizados – porque a disputa partidária insiste em afetar abertamente a causa coletiva da Cultura, em face dos espaços de Poder terem se transformado em espécie de guetos, tipo patotas – lamentavelmente.

Tipo assim: se não for da turma da Funjope nem venha com conversa onde tem gente da Sub-Secretaria de Cultura porque nada vinga – ou vice-versa.

Essa é a realidade em curso, sobretudo no trato entre os temas culturais produzidos pelo Governo do Estado e as duas principais prefeituras ( João Pessoa e Campina Grande), onde se joga duro para a inexistência de diálogo e convivência mínima em favor do coletivo – exceto da boca para fora.

A rigor, não há nada de novo, nem mesmo no tom dado agora por Pedro, porque continuamos a reproduzir a cultura de caranquejo – aquela na qual as pessoas tendem a sempre puxar as outras para baixo, diferentemente do que fazem os baianos, pernambucanos, cearenses – esses decididos a puxar para cima, levando de roldo até os desafetos.

Esta é questão central, de fundo, bem distante de se querer dimensionar uma mera opção política como elemento de rancor infrutífero.

Como disse a cantiga de Lula, “deixe o homem optar”.

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