Chegar aos 42 anos com status de governador não é realidade comum a todos. Compõe situação distinta alicerçada por uma caminhada que se legitima mais ainda quando se tem referendo popular, dos normais portanto.
Cássio Cunha Lima experimenta neste momento, embora não reverbere facilmente, um olhar desconforme entre querer, ser e poder. Os cabelos grisalhos se sobressaindo entre os demais da juventude traduzem bem o desencanto contido por não executar como almeja os sonhos ainda sonhados.
Não é fácil auscultar quem deve e no exame do possível encarar a adversidade pela absoluta falta de condições para atingir estágios comprometidos no curso da caminhada.
Cássio não consegue conter esse olhar desapontado.
Mas, em que pese o andor sobre os ombros, a determinação e luta ainda parecem a vitamina de que precisa para buscar a superação possível, a força matriz de um comando e movimento, de cuja condição dependem muita gente neste estado.
Aliás, essa esperança na luta já não se restringe aos mais próximos da caminhada, a partir de Ronaldo, principal silhueta, desse caminhar denso e comprometido por estradas com flores, além de pedras a enfrentar pelo ofício, às vezes ampliados pelo jogar de espinhos dos que na vida acumulou como adversários.
Aos 42 anos, é preciso admitir que Cássio não faz o governo desejado, na intenção prometida nos palanques-tambores, entretanto, há ações, medidas tomadas, de força e impacto a lhe merecer reconhecimento mais na frente.
Não cabe aqui a menção pontual das coisas na educação, infraestrutura, cultura, no processo organizacional , etc., dados esses só não assimilados por quem pré – concebidamente lhe quer o mal. Só que o tempo de debate intenso a seguir deve mostrar que seu projeto está à quem do querer, mas ainda pode render dividendos populares além do que a intriga alimenta.
A performance de Cássio, lembra-me uma canção antiga de Paulinho da Viola diante dos rumores de que o samba ia acabar. Disse: só se for quando o dia clarear.