Presa em flagrante no último sábado pela morte da irmã, a soldado Rhaillayne Oliveira de Mello só conseguiu ingressar na Polícia Militar por força de decisões judiciais. Após prestar concurso em 2014, a aspirante a PM acabou reprovada na etapa de Exame Social e Documental, também chamada de “pesquisa social”, quando aspectos da vida pregressa do candidato são avaliados. As informações são do portal Yahoo.
Um documento de 2018 do Centro de Recrutamento e Seleção de Praças obtido pelo GLOBO indica que a própria Rhaillayne informou que “já fez uso de substância tóxica por três vezes em festas rave”, situações nas quais teria ingerido “maconha, LSD, ecstasy e MD”. Na ocasião, os responsáveis pela análise também citaram outros motivos para que a candidata não fosse aceita, como desavenças públicas que ela teve com o pai “pelo fato de o mesmo não concordar com as coisas erradas que fazia” e o “relacionamento de amizade” com um homem suspeito de crimes, pai do filho de Rhaillayne.
Após ser impedida de integrar as fileiras da corporação, Rhaillayne entrou com uma ação na Justiça contra a decisão. “Em relação à alegação de uso de substâncias entorpecentes, a autora agiu de forma totalmente transparente e honesta ao responder a pergunta realizada pelo pesquisador, momento em que afirmou ter feito uso de substâncias entorpecentes POR APENAS TRÊS VEZES NO ANO DE 2013”, pondera a petição apresentada pelos advogados da candidata. “Tal posicionamento de expor o ocorrido anteriormente demostra o seu caráter, o sentimento de agir com a verdade e retidão com o que preceitua, acreditando-se que não estaria devendo nada à Justiça ou a qualquer outro órgão”, prossegue a defesa.
Para rebater as menções aos desentendimentos com o pai — que, segundo o texto, teriam acontecido “principalmente quando se diz respeito ao concurso em questão, eis que este não aceita a opção dela em seguir a carreira militar” —, Rhaillayne incluiu na ação imagens em que aparece abraçada com ele. “Ainda que existam diferenças e desavenças entre ambos, a convivência é harmônica e amorosa, pois existe respeito entre pai e filha, conforme se comprova das fotos anexas”, pontuam os advogados ao argumentar. Já sobre a convivência com o ex-companheiro, a candidata frisou que os dois mantiveram um namoro por três anos, mas que “a relação era precária e inconstante, sem planejamentos futuros, e ambos residiam em endereços diversos”. A petição alega ainda que os dois só mantêm contato por conta do filho e que o ex “só veio a se envolver com ilícitos após o término do relacionamento de ambos, no ano de 2013”.